Bioinsumos promovem sustentabilidade sem afetar produtividade

18 janeiro 2024 às 07h54

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A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023, conhecida como COP28, concluiu no final do ano e tomou decisões cruciais nas áreas de florestas e agricultura digital, cujos impactos ressoarão ao longo de 2024 e nos anos subsequentes. Mais de 150 países, incluindo o Brasil, comprometeram-se por meio da Aliança pela Transformação de Sistemas Alimentares a estabelecer metas mais ambiciosas relacionadas aos alimentos em seus esforços para combater as mudanças climáticas.
Nesse cenário, surgem oportunidades para explorar alternativas que promovam a sustentabilidade nas plantações sem comprometer a produtividade. Dentre diversas opções, produtos como bioinsumos e ferramentas digitais destacam-se como soluções eficazes para a transição verde.
Conforme uma pesquisa da Fortune Business Insights, divulgada pela Forbes, estima-se que o mercado global de biopesticidas movimente anualmente US$ 6,51 bilhões (aproximadamente R$ 33,6 bilhões), com a expectativa de atingir US$ 18,15 bilhões (R$ 93,7 bilhões) até 2029. A gestora de Insumos e Soluções Digitais da Agrex do Brasil, subsidiária da Mitsubishi Corporation, Letícia Fontana, prevê que essa projeção se concretizará devido à ampla utilização de bioinsumos para superar desafios de manejo no campo, como o controle de pragas que desenvolveram resistência a defensivos agrícolas convencionais.
Letícia explica que os bioinsumos se destacam por sua origem ou composição, envolvendo compostos biológicos, como enzimas ou microorganismos, proporcionando um modo de ação distinto em relação às moléculas tradicionais. Ela avalia que esses insumos biológicos contribuem para a sustentabilidade das lavouras de duas maneiras: ao melhorar a produtividade e prolongar a eficácia no combate a pragas, e ao se degradarem facilmente no solo, evitando a geração de resíduos tóxicos no meio ambiente.
“Os bioinsumos não apenas aumentam a produtividade, permitindo uma maior produção na mesma área plantada, mas também prolongam a eficácia no campo, combatendo pragas por períodos mais longos. Quanto à sua origem, esses insumos biológicos, sendo compostos de matéria biológica ou derivados dela, degradam-se facilmente no solo, sem deixar resíduos tóxicos no ambiente”, afirma Letícia.
Agricultura digital
Se de um lado os insumos biológicos utilizam a própria natureza a favor da produtividade e da sustentabilidade, do outro, as ferramentas de agricultura digital usam da inovação tecnológica para esta finalidade. “Esse ramo de gestão do campo engloba o uso de tecnologias que impactam na modernização da produção agrícola, tornando-a mais automatizada e digitalizada. Existem hoje no mercado diferentes ferramentas digitais que auxiliam o agricultor na tomada de decisão das mais diversas escalas”, revela.
Dentre as inúmeras possibilidade de conectividade no campo, ela cita o uso do mapeamento por meio de VANTs – tipos de drones que fazem apenas operações aéreas –, instrumentos de inteligência climática e agricultura de precisão. De acordo com Letícia, a coleta de dados por meio desses dispositivos garante informações sobre nutrição, fertilidade do solo, sanidade do cultivo, entre outros, o que garante mais eficiência e produtividade e menos desperdício.
“As ferramentas de agricultura digital auxiliam na tomada de decisão de várias operações a campo, com a gestão climática, por exemplo, o agricultor consegue definir o melhor momento para a aplicação de defensivos agrícolas, para que não seja aplicado no momento errado e haja necessidade de reaplicação. Outro exemplo é o uso de imagens de sensoriamento remoto que identificam áreas que requerem aplicações localizadas, evitando que a aplicação do defensivo agrícola seja em área total”, descreve.
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