Bolsonaro sugere que exemplo de Anápolis pode ser benéfico para seu grupo: aliança entre MDB e PL

22 fevereiro 2025 às 21h00

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O deputado federal Gustavo Gayer realmente confia no senador Wilder Morais? Os dois líderes do PL estão há quanto tempo juntos? Pouco mais de dois anos? É tempo suficiente para confiar num político?
Gustavo Gayer, de fato bolsonarista, sabe que Wilder Morais “está” mas “não é” bolsonarista? O senador é companheiro só nas boas jornadas? Porém, nas más caminhadas, estará com o ex-presidente Jair Bolsonaro ou trocará de lado, como fez em tempos idos?

Se Jair Bolsonaro for condenado à prisão, Wilder Morais irá visitá-lo? Talvez num primeiro momento, se avaliar que lhe pode render apoio popular. Porém, se Bolsonaro cair no ostracismo, o senador irá, possivelmente, esquecê-lo. Gustavo Gayer, pelo contrário, continuará visitando o ex-presidente, ao lado de Michelle Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, Carlos Bolsonaro, Flávio Bolsonaro e Major Vitor Hugo.
Agora é preciso ir ao ponto nodal: Wilder Morais realmente será candidato a governador em 2026? Se Bolsonaro disser que a prioridade será eleger um senador — a luta do ex-presidente é para eleger senadores em todos os Estados —, e não um governador, o que fará o senador do PL?
O exemplo de Márcio Corrêa é inspirador
Bolsonaro disse que examinou cuidadosamente a eleição de Anápolis e apreciou a vitória do prefeito Márcio Corrêa. O ex-presidente disse a um político de Goiás que a vitória de Corrêa tem a ver com a aliança do PL, de Corrêa, com o MDB, do vice-governador Daniel Vilela e do deputado estadual Amilton Filho.

Onde decidiu marchar sozinho, por birra de Wilder Morais e de Gustavo Gayer, o PL foi derrotado. Em Goiânia, Fred Rodrigues, do PL, perdeu para Sandro Mabel, do União Brasil. Juntou todo mundo contra o candidato bancado pelo senador e pelo deputado federal. Resultado: uma derrota acachapante. Rodrigues poderia ter sido o vice de Mabel, se os mandachuvas do partido tivessem ouvido as vozes menos radicais, como a do vereador eleito Major Vitor Hugo, o mais votado na capital.
Em Aparecida de Goiânia, por insistência de Wilder Morais, o PL bancou o deputado federal Professor Alcides Ribeiro para prefeito e sofreu uma derrota acachapante. O senador teria chegado a informar a Bolsonaro que o parlamentar era “homossexual” mas que a denúncia de pedofilia “não” era verdadeira. Agora, ante grave denúncia, o ex-presidente e Michelle Bolsonaro, irritados, pediram a cabeça de Professor Alcides, que, embora protegido por Wilder Morais, foi obrigado a se desfiliar do PL.

Na capital do agronegócio em Goiás, Rio Verde, o candidato bancado por Wilder Morais, Lissauer Vieira, perdeu de maneira vexatória, obtendo apenas 22% dos votos válidos. O prefeito eleito, Wellington Carrijo é filiado ao MDB e conquistou mais de 60% dos votos válidos. Noutras palavras, o senador “ferrou” o PL no Sudoeste goiano — onde o partido só ganhou numa cidade — porque se comportou de maneira intransigente, rejeitando uma composição.
O PL ficou isolado e, por isso, perdeu. Detalhe: prefeitos do PL, como o de Nova Gama, Carlinhos do Mangão, já avisaram: vão apoiar Daniel Vilela para governador. Portanto, não irão para o palanque de Wilder Morais.

Então, para a disputa de 2026, para governador e senador, o PL poderá acabar sofrendo derrotas parecidas com as de 2024? É possível. De qualquer maneira, é um direito da cúpula local lançar candidato a governador, como Wilder Morais.
Porém, por que contrariar Bolsonaro, que prefere eleger um senador? (seja Major Vitor Hugo, seja Gustavo Gayer).

Wilder Morais tem publicado pesquisas, num blog de Goiânia, para afirmar que, mesmo em terceiro lugar, está no jogo.
Porém, mesmo nas pesquisas do senador, Daniel Vilela (MDB) lidera. O que não explicam é que, quando os eleitores ficam sabendo que Daniel Vilela será o candidato do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), seus números crescem em progressão geométrica. (E.F.B.)