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O vice-presidente estadual do MDB, Manuel Cearense — que os amigos chamam de “Manuel Vilela”, tal sua identificação com o vice-governador Daniel Vilela —, nasceu em Parambu, no Estado do Ceará, há 57 anos.

Seu nome é Manuel Gaúcho Feitosa Sobrinho, mas, em Rio Verde, é conhecido como Manuel Cearense, e, por vezes, Mané Cearense. É identificado pelo Estado de origem. Mas amigos dizem, brincando e a sério, que poucos moradores do município são tão rio-verdenses quanto o nordestino.

Por que Gaúcho no nome, como se fosse sobrenome ou prenome?, inquiriu o repórter do Jornal Opção. Um parente de Manuel Cearense participou da Guerra do Paraguai, no século 19, e voltou encantado com os gaúchos, um povo, dizia, “laborioso e bonito”. Logo a família incorporou Gaúcho no nome. Quando Manuel Cearense nasceu, tão branco quando os gaúchos descendentes de europeus, logo disseram: é preciso colocar Gaúcho no nome. E assim foi feito e está até hoje.

Mas não adianta: o Cearense virou sobrenome e, para todos os rio-verdenses que o conhecem — e muitos poucos não sabem quem é ele, sobretudo porque sempre está concedendo entrevistas às emissoras de rádio da cidade, como a excelente Rádio Morada do Sol —, Manuel Gaúcho Feitosa Sobrinho “não existe” mais. Só existe Manuel Cearense, que tem duas paixões na vida — sua família e a política. Ele “casou-se” com a política. Porque acorda pensando em política, passa o dia pensando em política — articulando — e dorme pensando em política. Dizem que, à noite, sonha com política. Amigos relatam que, um dia, sonhou que estava despachando com o “governador” Daniel Vilela — sim, já em 2026.

Daniel Vilela, Wellington Carrijo e Manuel Cearense | Foto: Divulgação do MDB

A família de Manuel Cearense é inteiramente política no Ceará. Seis vereadores de Parambu têm Feitosa no nome. A vice-prefeita, Patrícia Feitosa, é sua prima. Um suplente de ex-senador de Tasso Jereissati, Chiquinho Feitosa, é parente de Manuel Rio-Verdense, quer dizer, Manuel Cearense. Costuma-se brincar que, na política do município, quem não é Feitosa quer ser — tal a força eleitoral da família.

Chegada em Rio Verde: 1984

Há 40 anos, em 1984, Manuel Cearense chegou em Rio Verde. Dois anos depois, em 1986, votou pela primeira vez no então PMDB, hoje MDB. Foi amor à primeira vista. A chapa do nordestino arretado: Henrique Santillo para governador; Iram Saraiva para senador; Irapuan Costa Junior (que hoje, aos 86 ano, mora em Portugal) para senador; Iturival Nascimento para deputado federal e Wagner Nascimento, o dr. Vanin, para deputado estadual. Todos do MDB. Os dois últimos de família política ilustre em Rio Verde.

Admirador de Maguito Vilela, que residia na cidade vizinha de Jataí — o futuro governador foi vereador e jogador de futebol (era conhecido como “Magrito”, depois o nome passou a ser Maguito, que pegou) —, Manuel Cearense decidiu militar no PMDB. “Eu seguia o Manda Brasa de Iris Rezende e Maguito Vilela.”

Manuel Cearense: discípulo de Iris Rezende e Maguito Vilela | Foto: Divulgação

Em seguida, com a ascensão política de Daniel Vilela, Manuel Cearense passou a admirar e respeitar o jovem líder do MDB. “Apoiei Daniel para governador em 2018 e para vice-governador, ao lado do governador Ronaldo Caiado, em 2022.”

“Daniel Vilela é um homem reto, de palavra, que cumpre os compromissos políticos que faz. É franco e direto, por isso os correligionários apreciam ouvi-lo e segui-lo. É moderno e tem boas ideias para Goiás. Ele respeita Ronaldo Caiado e é respeitado pelo governador”, afirma Manuel Cearense.

Na opinião do líder emedebista, o MDB vai bem em Goiás. “Em Rio Verde, nós temos, por exemplo, o deputado estadual Lucas do Vale, que, assim como Daniel Vilela, tem futuro na política do Estado.”

Em 2020, o MDB de Rio Verde estava, por assim dizer, no caixão — já perto da cova. Não tinha sequer um vereador. Manuel Cearense reuniu um grupo, motivou-o e lançou candidato a prefeito — o médico Osvaldo Fonseca Júnior — e chapa de candidatos a vereador. Fonseca Jr. não foi eleito, mas obteve uma boa votação. “Nós elegemos dois vereadores”, informa.

Deputado estadual Lucas do Vale; secretário de Estado de Infraestrutura, Pedro Sales; e Paulo do Vale, prefeito de Rio Verde | Foto: Reprodução

Quase do nada, Manuel Cearense praticamente retirou da “cartola” uma candidatura a prefeito. Ele teve o apoio empenhado de Daniel Vilela.

“Mas devo dizer que não operei o renascimento do MDB sozinho. Na jornada de reinvenção do partido, contamos com o apoio e a experiência de Isaac Portilho, de Chequinho (que iniciou a reformulação), de Henrique Cruvinel e do saudoso Walderes de Sousa Oliveira (vereador cinco vezes em Rio Verde”, afirma Manuel Cearense. “Nós crescemos e não tivemos baixas.”

Em 2022, numa aliança com o União Brasil, o MDB colaborou com a reeleição de Ronaldo Caiado para governador, com Daniel Vilela na vice. “Trabalhei dia e noite na campanha”, assinala Manuel Cearense. Consta que ele pedia voto aos eleitores até dormindo.

Manuel Cearense tem um sonho: ver Daniel Vilela eleito governador em 2026. “Sua vitória, daqui a dois anos e oito meses, será a consagração do retorno do MDB ao Executivo estadual”, postula. “Tenho orgulho de dizer que nunca votei num candidato que não era filiado ao MDB — exceto no governador Ronaldo Caiado, que é nosso grande aliado e um político de muito valor. É competente e decente.”

Entretanto, antes de 2026, Manuel Cearense tem uma missão: contribuir para eleger o aliado e amigo Wellington Carrijo, do MDB, prefeito de Rio Verde. “Jovem e moderno, om médico Wellington, uma vez eleito, será aquele que fará o que os economistas chamam de modernização continuada. Ou seja, será a mudança na tradição — aprofundada por Paulo do Vale — de gestores eficientes e criativos.”

Wellington Carrijo pode trocar o MDB pelo União Brasil? “Estamos na torcida, com o apoio de Daniel Vilela, para mantê-lo no MDB. Porém, se tiver de mudar de partido, nós, do MDB, vamos apoiar sua candidatura a prefeito.”

Manuel Cearense diz que passou o MDB de Rio Verde adiante, mas está com receio de o partido, se não fechar uma aliança com o prefeito Paulo do Vale e Wellington Carrijo, se tornar nanico na cidade, quase inexistente. “Mas espero que tudo seja, racionalmente, resolvido. O partido precisa eleger vereadores e constituir uma base sólida para apoiar Daniel Vilela para governador em 2026. Rio Verde tem o quarto maior eleitorado e o quarto maior PIB de Goiás. Quer dizer, é uma cidade forte, que está no jogo político e econômico. Não é à toa que produtores rurais dizem que Rio Verde é a China de Goiás, mas, felizmente, sem comunismo.” (E.F.B.)