Na discussão da reforma tributária por Goiás, sai Vanderlan e entra Daniel?

16 julho 2023 às 00h05

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Ao contrário da Câmara dos Deputados, em que o número de deputados de cada unidade federativa é definido proporcionalmente a sua população, no Senado há paridade de representantes: são três parlamentares por Estado.
Quando o tema é reforma tributária, algo que diz respeito diretamente às finanças de cada unidade federativa, a casa legislativa pode fazer muita diferença.
Isso significa que os senadores podem fazer mudanças drásticas em relação à proposta de emenda à Constituição (PEC) que passou como um trator dirigido por Arthur Lira (pP-AL) na Casa ao lado? Não exatamente, até pelas sinalizações que deu, após visita dos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento), o senador e presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Mas a proposta que saiu aprovada da Câmara parece, de fato, uma tragédia para Estados emergentes, como Goiás, e também para os mais periféricos. O governador Ronaldo Caiado (UB) sempre soube disso, assim como sabe agora que é hora de pelo menos poupar os dedos, já que os anéis estão mesmo indo embora.
Nessa política de “redução de danos”, havia a expectativa de que o senador por Goiás Vanderlan Cardoso (PSD) assumisse a relatoria da PEC. Em seu favor, o fato de ser presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), o que lhe daria certa primazia para a postulação.
Mas a relatoria parou nas mãos de Eduardo Braga, que é do MDB e ex-governador do Amazonas. A notícia é, de certa forma, um contraponto indireto, mas não discreto, a Arthur Lira, já que o senador escolhido é da cozinha de seu colega de trabalho e de partido Renan Calheiros, arquirrival do presidente da Câmara na política de Alagoas. Braga já deu a senha, ao declarar que será “a voz dos governadores que foram traídos” por Lira.
Se Vanderlan foi “atropelado” em suas intenções, mesmo presidindo a CAE, segunda comissão mais importante do Senado – fica atrás apenas da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, comandada por David Alcolumbre (UB-AP) –, outro ator político goiano pode fazer a diferença pró-Goiás na discussão.
O nome da vez é Daniel Vilela, emedebista como o relator Eduardo Braga, com quem tem livre trânsito. A relação partidária passa a ser o fio condutor da relação de Goiás com o destino da reforma tributária.
Resumo: se há algum atalho para levar Goiás a um destino melhor na discussão, é o vice-governador quem conhece melhor seu rumo.