Prefeitura de Goiânia: saiba quais são os 3 pré-candidatos que “podem” não ser candidatos

07 julho 2024 às 00h00

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Atente-se para o título, com uma palavra no condicional, podem — e não devem. É vital entender a diferença, pois os três pré-candidatos de que se vai falar garantem que terão os nomes nas urnas no dia 6 de outubro, num domingo, daqui a três meses, como candidatos. Fala-se de Fred Rodrigues, do PL, Rogério Cruz, do Solidariedade, e Vanderlan Cardoso, do PSD.
1
Vanderlan Cardoso: dois caminhos
Comecemos pelo senador Vanderlan Cardoso. Ele quer e deve ser candidato a prefeito de Goiânia. Mesmo isolado politicamente, aparece praticamente empatado com a pré-candidata do PT, a deputada federal Adriana Accorsi, em primeiro lugar.
Então, é preciso admitir: Vanderlan Cardoso é forte. Até muito forte. Por isso poderá seguir para o segundo turno numa disputa contra Adriana Accorsi.
Porém, integrantes do PSD estão desconfiados de que Vanderlan Cardoso, porque estaria andando mais no interior — em Rio Verde, por exemplo —, pode acabar jogando a toalha.
O senador nunca admitiu, ao menos não publicamente, mas comenta-se que teria procurado figuras de proa da base governista para uma negociação política — republicana, por sinal. São dois os supostos caminhos.
Primeiro, o governismo retiraria a candidatura do prefeito Fernando Pellozo (União Brasil), em Senador Canedo, e apoiaria a candidatura de Izaura Cardoso (PSD), mulher de Vanderlan Cardoso, que patina em terceiro lugar, atrás tanto do gestor municipal quanto de Divino Lemes.
O primeiro sinal emitido pelo senador não teria sido apreciado pela base governista (leia-se governador Ronaldo Caiado e cia). Porque Fernando Pellozo é visto como um aliado dos mais leais — tendo apoiado o gestor estadual na disputa da reeleição em 2022.
Por meio de emissários qualificados, Vanderlan Cardoso teria apresentado outro caminho (e frise-se que o senador nunca confirmou isto). Ou seja, gostaria de fazer parte da chapa Daniel Vilela (MDB) para governador e Gracinha Caiado (União Brasil) para senadora, em 2026, daqui a dois anos e três meses.
O segundo sinal teria sido bem recebido pela base governista. Não haveria veto à aliança. Mas o que fazer com Gustavo Mendanha, hoje muito ligado ao governador Ronaldo Caiado? Simples: se filiaria ao União Brasil, e não ao MDB, e poderia ser o vice de Daniel Vilela.
A chapa ficaria assim: Daniel Vilela para governador, Gustavo Mendanha na vice e Gracinha Caiado e Vanderlan Cardoso para o Senado.
Há alguma coisa fechada? Não. Em política não se fecha acordos de imediato — só na prorrogação (no caso, nos minutos finais das convenções, em agosto). Pode-se sugerir que o diálogo tanto pode avançar quanto pode resultar em nada.
2
Fred Rodrigues: sem o apelo de Gayer

O deputado federal Gustavo Gayer (PL), ainda que não tenha experiência em termos de gestão, era um pré-candidato a prefeito consistente. Porque é popularíssimo e agrega a direita ou ao menos grande parte dela.
Ao sair do páreo, Gayer indicou como substituto Fred Rodrigues (PL). Porém, o ex-deputado estadual não tem o carisma nem o discurso afiado do aliado. Por isso, provavelmente, tende a não aparecer nas pesquisas com percentuais semelhantes, acima de 20%.
Se aparecer com mais de 10%, mesmo não se equiparando ao de Gayer, Fred será um candidato relativamente consistente. Porém, se ficar abaixo dos 10%, o próprio PL pode rifar sua candidatura.
Se Fred sair do páreo — frise-se que ele tem a garantia de Gayer e do ex-presidente Jair Bolsonaro para continuar na disputa, desde que queira —, o que o PL fará? Um político ligado ao senador Wilder Morais postula que o partido deveria, pensando em 2026, apoiar Vanderlan Cardoso — com a consequente indicação de seu vice em Goiânia.
Wilder Morais planeja disputar o governo do Estado — tanto que já está criticando o governador Ronaldo Caiado no interior (porque o gestor estadual apoiará Daniel Vilela, seu vice, para o governo) — e, por isso, rejeita uma composição com o candidato a prefeito de Goiânia pelo União Brasil, Sandro Mabel, que conta com o apoio tanto de Ronaldo Caiado quanto de Daniel Vilela
Sublinhe-se: Bolsonaro disse, com todas as letras, que Wilder Morais manda no PL no Estado, mas não em Goiânia. Na capital, explicou o ex-presidente, o chefão do PL é Gayer. Como se sabe, o deputado federal não tem simpatia alguma por Vanderlan Cardoso. Portanto, em caso de composição, tende a fechar acordo com Sandro Mabel. Repita-se: em caso de composição. No momento, Gayer afirma, com todas as letras, que apoia Fred Rodrigues para prefeito.
3
Rogério Cruz: peso da máquina e desgaste

Ao não fazer o acerto com o passado, a gestão problemática de Iris Rezende — que deixou Goiânia com obras inconclusas e não pagas —, o prefeito Rogério Cruz desgastou-se. A rigor, é melhor administrador do que sua imagem cristalizada mostra.
Como deixou cristalizar a imagem de que se trata de um prefeito que não interfere na cidade, como se a gestão estivesse no piloto automático — e há muita injustiça cometida contra o alcaide —, Rogério Cruz acumula um desgaste que, tendo se tornado seu, deveria ser compartilhado com Iris Rezende, que, ao morrer, não é criticado.
Publicamente, Rogério Cruz afirma que será candidato a prefeito. Há, porém, quem acredite que poderá sair do páreo. Mas, se sair, motivado pelo desgaste, seu apoio não vai transferir desgaste? É possível. Então, para se preservar, ele pode sair do páreo e ficar neutro na disputa? Não se sabe.
O que mais se comenta é que Rogério Cruz pode não ser candidato. No seu próprio partido, o Solidariedade, há quem defenda, ao menos nos bastidores, que o gestor municipal “deveria ficar quieto”. Quem conhece bem o prefeito, um homem simples mas firme, garante que será candidato. Por isso até já contratou marqueteiro e não fala em dispensá-lo.
Uma questão final: se renunciarem à disputa, os três apoiarão quais candidatos? Não dá para saber com precisão, até porque todos eles dizem que serão candidatos. Mas têm mais afinidade com Sandro Mabel. (E.F.B.)