Apenas 10% dos filmes brasileiros são dirigidos por pessoas negras

20 novembro 2023 às 12h22

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Uma pesquisa conduzida pela Cinemateca Negra revelou que somente 10% dos filmes brasileiros lançados entre 2010 e 2020 foram dirigidos por profissionais negros. Ao analisar o panorama ao longo das décadas, constata-se que houve maior presença de diretores negros nas últimas duas décadas, especialmente entre 2010 e 2022, período no qual 83% dos 1.086 longas-metragens identificados foram produzidos. O estudo foi revelado pela Folha de São Paulo.
Na década de 1960, apenas seis filmes foram realizados por esse grupo, aumentando para 19 produções a cada dez anos nas décadas seguintes, compreendendo o período de 1970 a 1990. Uma guinada significativa nesse cenário ocorreu nos anos 2000, quando 117 filmes foram produzidos por cineastas negros.
Destaca-se que a década de 2010 registrou um recorde de produção, com 586 películas dirigidas por profissionais pretos e pardos. Esses dados evidenciam não apenas a evolução ao longo do tempo, mas também a necessidade de um debate mais amplo sobre a representatividade e inclusão no cenário cinematográfico brasileiro.
Até 2022, havia 337 obras produzidas por pessoas negras no Brasil, como “Marte Um” e “Medida Provisória”, sucessos recentes de crítica e público dirigidos por Gabriel Martins e Lázaro Ramos, respectivamente.
O estudo completo será publicado em 2024, mas teve parte de suas descobertas divulgadas nesta sexta, dia 17, durante o festival negro de cinema Nicho Novembro.
Cineastas negros no Brasil
Entre os cineastas negros mais conhecidos no Brasil estão: Lázaro Ramos, Sabrina Fidalgo, Yasmin Thayná, Diego Fraga e Joel Zito Araújo. O mais conhecido deles, Lázaro Ramos, é ator, dublador e cineasta, iniciando sua trajetória no Bando do Teatro Olodum. Ele esteve na direção do longa-metragem Medida Provisória e está dirigindo a peça O Método, um espetáculo em que já atuou e está em cartaz desde o dia 6 de março.
Já Sabrina foi apontada pela publicação americana Bustle como uma das cineastas mais promissoras ao redor do mundo, ficando em 8º lugar entre 36 profissionais. O curta Rainha, lançado em 2016, foi premiado como Melhor Filme no Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro. Seu último trabalho Alfazema, de 2019, foi premiado duas vezes no 52º Festival de Brasília de Cinema Brasileiro.
Carmen é diretora de cinema, teatro e dança, curadora, pesquisadora e docente em cinema e artes do corpo. Ela escreveu, produziu e dirigiu os curtas Um Poema Para Quenum e Suporte, e o longa Um Filme de Dança.Também é responsável pela Cia Étnica de Dança, fundada em 1994, que tem o objetivo de colocar os sujeitos da diáspora africana em foco.
Diego foi vencedor do Prêmio Antonieta de Barros para Jovens Comunicadores Negros em 2016, é produtor, diretor e roteirista. Ele assina o documentário NEGRUM3, que já passeou por importantes festivais, sendo premiado no Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte.
Renata é uma diretora e roteirista da série premiada Pedro & Bianca, ganhadora do Emmy Internacional Kids Awards 2013, na categoria Melhor Série InfantoJuvenil e Yasmin recebeu o prêmio de Melhor Curta-Metragem da Diáspora Africana da Academia Africana de Cinema pelo curta KBELA, que conta como é ser mulher no Brasil e se entender enquanto negra.
Cineasta e pesquisador, Joel dirigiu e escreveu o filme A Negação do Brasil, que foi exibido em diversos festivais e mostras internacionais de cinema, vencendo o prêmio do New York African Diaspora Film Festival e vários outros.
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