Dados falsos: PF investiga filiação de Lula a partido de Bolsonaro

11 janeiro 2024 às 09h56

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O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) solicitou à Polícia Federal (PF) a investigação de possíveis crimes no incidente em que alguém se fez passar pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para filiá-lo ao PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de acordo com informações do Globo.
Lula, o fundador e principal membro do PT, teve seu suposto ingresso no partido adversário relatado à Corte Eleitoral. Após uma investigação interna, o presidente da Corte, ministro Alexandre de Moraes, determinou que a PF conduza a apuração do caso. Em razão da filiação falsa realizada em seu nome, Lula foi incluído nos registros do PL em São Bernardo do Campo, cidade do ABC paulista onde possui residência.
“Considerando a existência de indícios de crime a partir da inserção de dados falsos em sistema eleitoral, encaminhem-se cópia dos presentes autos ao diretor-geral da Polícia Federal para adoção de todas as providências cabíveis que deverão, oportunamente, ser informadas a este Tribunal Superior Eleitoral”, escreveu Moraes na decisão.
O TSE afirmou em nota que há claros indícios de falsidade ideológica. Moraes reafirmou o vínculo formal de Lula com o PT, cancelou o login responsável pela inclusão da informação falsa e solicitou a apuração do caso.
A investigação interna descartou a possibilidade de ataque ao sistema ou falha na programação, identificando o uso de credenciais válidas para o registro da falsa filiação. Segundo o TSE, a inclusão foi realizada pelo login da advogada Ana Daniela Leite e Aguiar, que presta serviços ao PL.
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Costa Neto, presidente da legenda, minimizou o ocorrido, chamando-o de “grande bobagem” e sugerindo que a filiação foi feita por um hacker. O TSE identificou que o login da advogada realizou mais de 75 mil ações no sistema, indicando possível uso por várias pessoas ou robôs.
“Está na cara que a filiação foi feita por algum hacker. Vamos pedir investigação também à PF. Em outubro, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) apareceu absurdamente como filiado ao PT. As informações da nossa advogada aparecerem como autora da suposta filiação é um fato normal, porque ela está credenciada junto ao TSE para consolidar as filiações em nível nacional”, afirmou Costa Neto.
O sistema Filia, utilizado pelos partidos para fornecer informações sobre seus filiados, tem como procedimento que a alteração de filiação seja realizada pelo próprio partido mediante um representante, acessando o sistema com senha pessoal.
O TSE observa ainda que o cadastramento é feito pelos presidentes nacionais de cada legenda, que podem cadastrar usuários nacionais e locais de acordo com as regras internas de cada partido.
“A alteração de qualquer filiação partidária de um eleitor só pode ser feita pelo próprio partido que está providenciando a filiação, mediante um representante desse partido que acessa o sistema Filia com uma senha pessoal”, disse o TSE em nota.