O economista Júlio Paschoal denuncia que o prefeito de Catalão, no Sudeste goiano, Adid Elias (sem partido) age contra o próprio município que governa. As declarações referem-se ao problema da rodovia municipal Sebastião de Pádua. No último mês, caminhoneiros chegaram a paralisar a estrada reivindicando melhores condições de tráfego.

De acordo com a prefeitura, a mineradora CMOC Brasil tem débitos com o município referente ao Imposto Sobre Transmissão de Bens e serviços (ITBI), e isso teria comprometido a manutenção da rodovia. Ocorre que a Justiça teria reconhecido por meio de sentença judicial publicada em setembro de 2022, que este imposto não é devido, explica o economista. “Por causa dessa suposta dívida, Adib Elias não cuida das estradas João Neto de Campos e Sebastião de Pádua, que servem não somente para o transporte de minérios, mas também para a população em geral”, sublinha Paschoal.

“A estrada simplesmente acabou, nem asfalto existe mais, somente buracos. Um caminhão para andar 1.500 metros leva em média 30 minutos, porque, se o motorista acelerar muito, vai arrebentar o veículo. O prefeito está prejudicando o escoamento tanto por linha férrea como por terra, o que faz encarecer o preço do frete. Além do mais, ele está lesando o município, haja vista que em torno de 50% do que arrecada a prefeitura vem do setor mineral”, ressalta.

De acordo com Júlio Paschoal, a mineradora comprou a empresa de porteira fechada, ou seja, com tudo que ela possui. Porém, o prefeito de Catalão entende que dentro desse pacote é preciso separar o que é mineração do que é imóvel. Ocorrendo essa divisão, o município tem direito ao ITBI. Contudo, ocorre que a empresa recorreu à justiça e, após o caso transitado e julgado, a mineradora venceu o processo. Portanto, essa cobrança se torna ilegal.

Caminhões passam lentamente por estrada esburacada l Vídeo: arquivo pessoal

Para o economista, a intenção do prefeito é o aumento de arrecadação, o que seria compreensível. Porém, a forma como se busca está equivocada. “A prefeitura não age com responsabilidade em relação a essas empresas. Qual o município que não queria ter empresas desse tamanho. É uma obrigação do prefeito promover melhorias para o seu povo sem retaliação a nenhum setor da sociedade”, reitera.

Segundo Júlio Paschoal, a CMOC é responsável por gerar mais de três mil empregos, com investimentos elevados que beneficiam a cidade como um todo e, mesmo assim, não tem do poder público o respeito e o cumprimento da obrigação.

Morador

Um morador da cidade expõe que as pessoas que moram em volta das estradas estão reclamando da péssima condição de tráfego e com razão. Entretanto, ele enfatiza que a mineradora também tem sua parcela de culpa, afinal de contas, são em média 1.500 carretas transportando minérios, “não há estrada que suporte isso. “

Todas as vezes que a prefeitura leva as máquinas para fazer os reparos, não dura um mês, diz o morador.  “Escutei uma conversa que o prefeito só vai mandar refazer o asfalto quando a empresa pagar toda a dívida que eles têm com o município, que, aliás, não é pouco. “

Ainda segundo essa fonte, o prefeito disse que, se eles quiserem estrada “bonitinha e arrumadinha,” então que façam, porque a prefeitura não vai investir, sendo que a mineradora arrecada bilhões e não dá nada para a prefeitura. “O problema dessa briga entre as partes é que quem realmente sai prejudicado é a população que fica penalizada”, diz o morador.

Prefeitura

Procurado pelo Jornal Opção, o Secretário de Transporte e Infraestrutura, Luís Severo Braga Gomide, disse que o repórter deveria procurar o prefeito Adib Elia. Entretanto, o gestor municipal não retornou às mensagens e ligação. O espaço continua em aberto.

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