Apesar da deputada federal Adriana Accorsi (PT) estar fora da disputa pela Prefeitura de Goiânia, ela ainda tem potencial para ser decisiva no segundo turno. A parlamentar ficou em 3º lugar, com 168.141 votos (24,44% dos votos válidos), e seu eleitorado pode decidir a disputa entre Fred Rodrigues (PL) e Sandro Mabel (UB) no segundo turno. A diferença entre os dois candidatos foi de 23.975 votos.

Dada a trajetória política de Accorsi e o histórico das eleições no Brasil, é improvável que ela apoiasse Rodrigues ou qualquer outro candidato do Partido Liberal (PL). Isso se deve ao contexto de rivalidade e polarização entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem marcado o cenário político recente. No segundo turno, Accorsi parece estar mais aberta a apoiar Mabel, o que indica que as restrições ideológicas e partidárias contra esse candidato não são tão fortes.

Lembrando que o plano da deputada para Goiânia era construir uma frente ampla, contando com nomes de centro e centro-direita, um espectro político no qual o candidato do União Brasil (UB) se encaixa. Ou seja, caso ela realmente queira levar essa proposta ao “pé da letra”, a união com Mabel para derrotar Rodrigues faz todo o sentido.

Ainda resta saber se o Partido dos Trabalhadores (PT) aceita apoiar o candidato do governador Ronaldo Caiado (UB). Em raras ocasiões, os petistas aceitaram composições como essa para derrotar nomes ligados ao “bolsonarismo”.

Por exemplo, em 2022, o governador Eduardo Leite (PSDB) foi reeleito no segundo turno depois de estar mais 11 pontos atrás do ex-deputado federal Onyx Lorenzoni (PL). No entanto, o PT que ficou em terceiro com Edegar Pretto apoiou a candidatura do atual gestor. No final das contas, o tucano derrotou o bolsonarista com quase 1 milhão de votos de diferença.

Além de Accorsi, há 115 mil votos que os dois candidatos podem disputar entre os outros nomes que ficaram de fora do segundo turno. Fora outros 50 mil votos entre os brancos e nulos.

Outra estratégia pode ser buscar os votantes em abstenção na capital. Segundo os dados do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO), 290.868 eleitores não compareceram ao pleito. Um número maior do que a quantidade de votos de Rodrigues, o primeiro colocado nas eleições com 214.253 votos.

No fim das contas, o cenário ainda está aberto em Goiânia, com os votos de esquerda e eleitores faltosos sendo cruciais para a disputa.

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