Caiado percebe a árvore (Goiânia) sem perder de vista a floresta (governo e Presidência)

18 janeiro 2024 às 22h47

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Comecemos assim: se Jânio Darrot, do MDB, não emplacar, até maio, quem a base governista vai bancar para prefeito de Goiânia? Não se sabe. Ninguém sabe. Ainda.
Pedro Sales: “prefeito” da Seinfra

Mas especula-se que o secretário de Infraestrutura do governo do Estado, Pedro Sales, do União Brasil, tem o perfil que a capital precisa.
Na Seinfra, Pedro Sales (União Brasil) é uma espécie de prefeito das obras do governo estadual. Executivo, com fama de exigente e eficiente, tem realizado várias obras na área de infraestrutura — que é, a rigor, o que Goiânia precisa.
Os moradores da capital cobram que o próximo prefeito cuide da estrutura da cidade e a amplie, mas não em ritmo de tartaruga. Por isso há quem, no meio político, avalie que um jovem arrojado como Pedro Sales pode ser o candidato da base governista a prefeito.
Vanderlan pode “puxar” Jânio Darrot
A respeito de Jânio Darrot vale um acréscimo. Primeiro, é um gestor competente. É mais gestor do que político, ao menos o político tradicional.

Segundo, no caso de Vanderlan Cardoso “afundar”, por causa de sua conexão com a esquerda — o senador do PSD tem negociado abertamente com a deputada Adriana Accorsi e apoia o governo do presidente Lula da Silva —, pode, direta ou indiretamente, abrir espaço para o ex-prefeito de Trindade.
Porque, como Vanderlan Cardoso, Jânio Darrot é gestor… e é exatamente por isso que seu nome foi colocado no jogo pelo MDB (pesquisas qualis sustentam que o goianiense quer a volta de um gestor ao Paço Municipal). Então, se o neo-“esquerdista” Vanderlan Cardoso naufragar, a tendência é que o emedebista seja puxado para cima. Tendência, diga-se.
Fala-se também no retorno — ou eterno retorno — de Ana Paula Rezende, do MDB, à disputa de Goiânia. É possível? Sempre é. Mas como apoiar uma não-política que não demonstra ter apetite por política? Afinal, política é compromisso… e a filha de Iris Rezende parece pouco afeita a isto.
Bruno Peixoto: mais útil na Assembleia?
Por outro lado, há o presidente da Assembleia Legislativa, Bruno Peixoto, do União Brasil.
Bruno Peixoto está realmente fora do páreo? Não. Porque, dos nomes postos, é o que tem mais apetite político, seguido, de perto, por Adriana Accorsi e Vanderlan Cardoso, que realmente são políticos profissionais.

No Palácio das Esmeraldas a opinião que se tem é que Bruno Peixoto é mais útil ao governo de Ronaldo Caiado, do União Brasil, na Assembleia do que como candidato a prefeito de Goiânia. É quase o busílis da questão.
Retomada da articulação e o bolsonarismo
O busílis verdadeiro é que a sucessão de Goiânia tem de passar — e passará — pelas mãos do governador Ronaldo Caiado. Porque a disputa, do ponto de vista político, não joga tão-somente a prefeitura. Está em jogo outras questões: como o fortalecimento da base governista para a disputa do governo em 2026 e, também, a consolidação de Ronaldo Caiado como pré-candidato a presidente da República. O jogo será coletivo e não individual.
Como está pensando em Goiás — no governo do Estado (apoiará Daniel Vilela para governador, em 2026) — e no Brasil, dada sua pretensão de disputar a Presidência da República, Ronaldo Caiado quer, por certo, pôr o bolsonarismo no jogo em Goiânia e Anápolis, as duas cidades onde irá jogar pesado para eleger os prefeitos.

Convidar o bolsonarismo — o próprio Jair Bolsonaro e o senador Wilder Morais, o deputado federal Gustavo Gayer e o ex-deputado federal Major Vitor Hugo, todos do PL — não significa que Ronaldo Caiado vai apoiar seu candidato em Goiânia. Mas quer, certamente, estabelecer um diálogo, sobretudo porque a disputa na capital, dada a quantidade de candidatos fortes, tende a ser definida no segundo turno.
Então, no segundo turno, o bolsonarismo poderá apoiar o candidato de Ronaldo Caiado ou o governador poderá apoiar o postulante do bolsonarismo. (Em 2026, o bolsonarismo poderá apoiar o líder goiano para presidente? É provável. Se o fizer, encorpa a candidatura do líder do União Brasil. Se é cedo para avaliações peremptórias, não o é para articulações políticas. A verdadeira política não se faz no futuro, e sim no presente… e bem mais cedo que costumam imaginar aqueles que não apreciam política.)
Se o jogo é mais amplo, é natural que Ronaldo Caiado, um ás da política, esteja retomando o controle da sucessão, dentro de sua base, para rearticular uma espécie, digamos assim, de Inteligência política de primeira linha. Bruno Peixoto avançou muito e, agora, decidiu recuar (mostrando que sabe ouvir a voz da razão), o que não é o mesmo que desistir. Vai seguir a articulação do governador, que está enxergando — para a além da árvore (a Prefeitura de Goiânia) — a floresta (o governo do Estado e a Presidência da República, em 2026). É isto.