Colapso climático e desigualdade social andam de mãos dadas

22 novembro 2023 às 16h50

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O mundo enfrenta atualmente dois desafios cruciais e interconectados: o colapso climático e a extrema desigualdade. Estas crises não são entidades separadas, mas sim alimentam-se mutuamente, privilegiando um pequeno grupo de bilionários à custa da vasta maioria global, que sofre as consequências da destruição do equilíbrio ambiental, social e econômico do planeta. A emergência climática não é igual para todos, muito menos para todos os países.
O recente relatório “Igualdade Climática: um Planeta para os 99%” destaca a necessidade de uma abordagem inovadora para enfrentar essas crises, responsabilizando aqueles que lucram com a destruição ambiental. Katia Maia, diretora-executiva da Oxfam Brasil, expressou sua preocupação, enfatizando a inaceitabilidade de permitir que o 1% mais rico conduza o mundo em direção a um colapso planetário, prejudicando a maioria da população.
O relatório, fundamentado em dados do Stockholm Environment Institute e do Global Carbon Atlas, destaca que as emissões da parcela mais rica são suficientes para causar a morte de aproximadamente 1,3 milhão de pessoas devido ao calor entre 2020 e 2100. Diante desse cenário, a Oxfam propõe medidas urgentes, incluindo a tributação dos super-ricos, investimentos em serviços públicos e o cumprimento de metas climáticas.
A sugestão de um imposto de 60% sobre a renda do 1% mais rico poderia gerar cerca de US$ 6,4 trilhões, recursos cruciais para enfrentar a crise climática e financiar a transição energética. Além disso, a proposta de um imposto sobre a riqueza dos milionários e bilionários surge como uma fonte substancial de recursos para soluções climáticas.
Às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023 (COP28) em Dubai, a Oxfam lança esse relatório na esperança de influenciar as discussões e ações durante o evento. A urgência é evidente, considerando os impactos devastadores previstos.
No cenário internacional, o governo brasileiro propõe na COP28 que países ricos concedam incentivos para nações pobres zerarem as emissões de CO². Relatório recente da ONU projeta apenas 14% de chances de limitar o aquecimento a 1,5°C até 2100.
A secretária Nacional de Mudança do Clima, Ana Toni, alerta que o aumento de até 2,9°C representaria uma tragédia global com fenômenos climáticos extremos, escassez de alimentos e água, e ondas de calor mortais. O Brasil, enviando sua maior comitiva à COP28, busca contribuir para soluções efetivas diante desses desafios.
Em seu discurso na Cúpula Virtual do G20, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a destacar a necessidade de vontade política e determinação global para enfrentar esse conjunto de desafios. Lula defende uma reforma na governança global como essencial para superar esses desafios complexos.