Com a proximidade dos Jogos Olímpicos de 2024 em Paris, mais uma vez um tema vem sendo discutido no cenário esportivo brasileiro: a falta de investimento nos atletas e em modalidades que não sejam o futebol masculino. As atenções da mídia se voltam novamente para as histórias dos desportistas brasileiros que, mesmo sem incentivo com pouco, conquistam espaço no time que representa o país nas Olimpíadas. 

Infelizmente, a discrepância financeira entre o futebol e outros esportes não chega a ser surpreendente. O futebol se destaca como uma indústria multimilionária, onde os valores envolvidos em transferências de jogadores, contratos de patrocínio e direitos de transmissão atingem cifras estratosféricas. Enquanto isso, outros esportes, por mais populares e apaixonantes que sejam, muitas vezes não recebem a mesma atenção nem desfrutam do mesmo suporte financeiro.

Na internet, pessoas aproveitaram a visibilidade para expor a precariedade em que os esportistas treinam, como no caso do medalhista Thiago Braz. O atleta do salto com vara, que estava sem patrocínio desde as olimpíadas de 2016, onde conquistou o ouro, enfrentou dificuldades por falta de recursos financeiros na última edição dos jogos. Felipe Vinícius dos Santos, que competiu na prova de decatlo e terminou em 18°, também não teve auxílio e precisou trabalhar como motorista de Uber para se sustentar na preparação.

Essa diferença de cifras não é apenas uma questão de preferência ou apelo popular. O futebol, por suas características únicas, tem a capacidade de atingir um público global. A natureza universal do esporte contribui significativamente para sua lucratividade. A paixão pelo futebol é quase uma religião em muitas partes do mundo, o que se traduz em imensos lucros para clubes, jogadores e ligas.

Enquanto isso, outros esportes, por mais técnicos, emocionantes ou desafiadores que sejam, muitas vezes têm uma base de fãs mais regionalizada. Isso limita o alcance e, consequentemente, a capacidade de gerar receitas no mesmo nível que o futebol. Questões de infraestrutura, investimento em marketing e estratégias de desenvolvimento também desempenham um papel importante na disparidade financeira entre os esportes.

Entretanto, essa disparidade financeira pode ter efeitos negativos sobre a promoção e o desenvolvimento de outros esportes. A falta de recursos financeiros pode impedir o crescimento dessas modalidades, privando os atletas de oportunidades adequadas de treinamento, exposição e desenvolvimento de carreira. Isso cria um ciclo em que esportes menos populares permanecem na sombra do gigante que é o futebol.

É fundamental reconhecer a importância de equilibrar o suporte financeiro entre os diferentes esportes, não apenas para garantir a competitividade e o desenvolvimento, mas também para proporcionar oportunidades iguais para atletas talentosos em todos os campos esportivos. Iniciativas para promover a diversificação dos investimentos esportivos e para elevar o perfil de outros esportes merecem ser incentivadas, a fim de criar um cenário mais equitativo no mundo esportivo.

A disparidade financeira entre o futebol e os outros esportes não é apenas uma questão de preferência ou popularidade, mas sim um reflexo da dinâmica econômica e da capacidade de alcance global desse esporte em comparação aos demais. No entanto, é crucial trabalhar em direção a um ambiente esportivo mais inclusivo, que ofereça apoio e oportunidades para todos os atletas, independentemente do esporte que escolherem praticar.

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