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O prefeito de Goiânia se reuniu nesta sexta-feira, 7, com vereadores no Paço Municipal para afastar as dúvidas sobre sua intenção de concorrer à reeleição em 2024. Rogério Cruz (Solidariedade) precisou reafirmar suas intenções pois o momento é de incerteza, apesar de o chefe do Executivo municipal sempre declarar publicamente que tem o respaldo do partido para a disputa. 

A operação policial que investigou a Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) nesta quarta-feira, 5, já era aguardada desde março, quando outra investigação mirou o mesmo órgão e deixou indícios de que mais uma operação estaria por vir. Não foi, portanto, uma surpresa, mas um desgaste antecipado. 

Desta vez, o prefeito se comportou diferentemente: anunciou rapidamente o afastamento de Denes Pereira, um de seus principais aliados, a quem tentou resguardar em março deste ano. A movimentação indica que o prefeito prioriza sua pré-candidatura. Mas não se pode ignorar o dano: nos bastidores, aliados do prefeito afirmam que vale a pena pensar em uma saída honrosa, caso a data do pleito se aproxime e a candidatura se mostre insustentável. 

Um levantamento realizado pelo Opção Pesquisas, feito entre os dias 27 e 29 de maio, revelou como o eleitor de Goiânia enxerga a administração municipal, e o prognóstico não era positivo mesmo antes da operação policial desta quarta-feira. A aprovação do prefeito Rogério Cruz é de 25,8% e a desaprovação de 60,2%. Entre os 600 entrevistados, 2,3% considera a administração do prefeito ótima; 13,8% acredita que é boa; 31,8% pensa que é regular; 14% são da opinião de que é ruim; 36% afirmam que é péssima. Sua rejeição é a maior entre todos os pré-candidatos: 34%. 

Rogério Cruz tem afirmado que há tempo. Estamos a dois meses do início das convenções partidárias, período no qual a Prefeitura deve realizar entregas de obras, como trechos do BRT. Para membros da base, entretanto, estes dois meses significam a perda do tempo disponível para buscar espaço como apoiadores de outras candidaturas. O incentivo é que, para garantir seu próprio bem, aliados tentem demover o prefeito de sua reeleição — o que não significa o bem próprio do prefeito.

Ao lado de Rogério Cruz existe a máquina. Entretanto, quando as entregas de obras e programas são feitas “aos 45 do segundo tempo”, o esforço é dobrado. Primeiro, existe o esforço da própria realização; e depois existe o esforço para convencer o eleitor de que a entrega não é interesseira, visando somente as eleições. 

A mesma pesquisa do Opção Pesquisas projetou cenários em que o atual prefeito concorre à reeleição e em que não concorre. No cenário estimulado em que todos os pré-candidatos concorrem, Rogério Cruz tem 5,7% das intenções de voto, ocupando o quinto lugar na corrida. No cenário em que apenas os quatro primeiros colocados concorrem, quem mais se beneficia é Vanderlan Cardoso (PSD), que sobe 3,8 pontos percentuais. Talvez seja com este outro pré-candidato que a base do prefeito tem maior identificação. 

Porém, a transferência dos votos é complexa. Na hipótese de o prefeito não concorrer, Vanderlan Cardoso gostaria de receber Rogério Cruz em seu palanque? Como bônus: os cinco vereadores do Solidariedade vão segurar bandeiras como apoiadores, há tempo de televisão e a máquina da Prefeitura. Como ônus, há o desgaste e a proibição de criticar os atuais problemas de Goiânia. Como fazer uma campanha eleitoral na Capital sem condenar a crise do lixo e da saúde?

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A pesquisa mencionada está registrada junto à Justiça Eleitoral sob o nº GO-06784/2024 e ouviu 600 moradores de Goiânia entre os dias 27 e 29 de maio selecionados através de uma amostra estratificada por cotas. O intervalo de confiança estimado para este estudo é de 95% e a margem de erro máxima estimada é de 4 pontos percentuais para mais ou para menos nos dados da amostra global.