As origens do Samba

05 dezembro 2023 às 15h49

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A partir da Lei nº 14.567 de 4 de maio de 2023 foi formalizado o reconhecimento das escolas de samba como manifestação cultural nacional, conferindo ao poder público a responsabilidade de preservar suas tradições, músicas e desfiles carnavalescos. Ficou estabelecido o dia 02 de dezembro como o “Dia Nacional do Samba”.
Antes dessa legislação, o dia 2 de dezembro já estava inscrito, há muitos anos, no calendário cultural do Brasil como o “Dia do Samba”. Contudo, sua celebração era predominantemente localizada, com destaque para o Rio de Janeiro e Salvador. Foi a partir do Projeto de Lei datado de 2007, de autoria do deputado Índio da Costa que buscou-se oficializar essa data, em todo o território nacional, consagrando a importância histórica e cultural do samba.
Apesar de várias controvérsias sobre autoria e ineditismo, o pioneirismo do samba remonta a 1916 com a composição “Pelo Telefone” de Donga, marcando a substituição do maxixe e o início de uma rica tradição musical. Nessa época, surgiram notáveis compositores como Pixinguinha, João da Baiana, Sinhô e Heitor dos Prazeres, dando ao samba uma expressão urbana moderna.

Ao longo das décadas, o samba diversificou-se, absorvendo influências e gerando variantes que ecoam por todo o país. O Samba-enredo, oriundo do Rio de Janeiro nos anos 30, dita o ritmo dos desfiles das escolas de samba, abordando temas sociais e culturais. O Samba-de-partido-alto, ou simplesmente partido, segundo historiadores, tem suas origens nas umbigadas africanas. Já o Samba-Pagode, sucesso nos anos 70, surge com letras românticas e ritmo cativante.
A rica tapeçaria do samba inclui ainda o Samba-canção, de ritmo lento e letras românticas; o Samba-carnavalesco, remanescente das marchinhas carnavalescas; o Samba-exaltação, carregado de saudosismo; e o Samba-de-breque, interrompido por comentários críticos ou humorísticos.
Dentre as diversas variantes, destacam-se personalidades que moldaram o cenário do samba brasileiro. Nomes como Elza Soares, Dorival Caymmi, Noel Rosa, Ataulfo Alves, Carmen Miranda, Pixinguinha, Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho, Beth Carvalho, Paulinho da Viola, Cartola, Ivone Lara, Martinho da Vila, Leci Brandão e Jorge Aragão são alguns nomes que enriquecem a narrativa musical do Brasil.
Em cada compasso, o samba revela a riqueza da nossa identidade, ecoando pelas ruas, morros e salões de dança. O “Dia Nacional do Samba” é mais que uma celebração; é um reconhecimento merecido de um legado que transcende gerações, unindo o país através de sua melodia contagiante.
Ouviremos um gravação histórica de”Pelo Telefone” de Donga com a participação de Chico Buarque e Hebe Camargo.