A menina Cora parabenizou o menino Drummond

31 outubro 2024 às 16h46

COMPARTILHAR
Na década de 1980, uma forma rápida de se mandar uma mensagem escrita para alguém que estava longe era pelo telegrama. Tinha que escrever sem rodeios. Hoje, por um zap, você já se comunica com quem está no cômodo ao lado ou a fusos de distância de você. Cora Coralina, moradora ilustre da Cidade de Goiás, não esqueceu do aniversário do amigo mineiro, o também ilustre e poeta maior Carlos Drummond de Andrade. A foto do telegrama ilustra este post.
A menina da Vila Boa mandou um salve para o menino de Itabira. A distância da Casa velha da ponte até a Rua Conselheiro Lafaiete era diminuída pelo amor à poesia. A escrita ultrapassa tempos e espaços. Já estive na casa de Cora Coralina, que virou um bonito museu. Já estive também na frente do prédio onde Drummond morava (e destino do telegrama de Cora), em Ipanema, no Rio de Janeiro, e também na casa onde ele nasceu, em Itabira. Tal qual a casa de Cora, a casa de Drummond virou museu. Em ambas, quando o visitante entra, as vozes dos poetas preenchem o ar de poesia.
Drummond leu os poemas de Cora e ficou encantado. Ele a apresentou para o Brasil ao escrever sobre ela em sua coluna no Jornal do Brasil. Cora ficou famosa, conhecida, homenageada, lida. Até hoje nunca entendi por que ninguém tentou reunir os dois. Talvez a saúde de Cora a impedisse de fazer grandes viagens e embarcar para o Rio de Janeiro. Será que Drumond tinha medo de avião? Drummond na casa de Cora comendo doce cristalizado. Cora sentada em um banco com Drummond vendo o ir e vir do mar de Copacabana.
Seria bonito demais esses dois meninos se encontrando e brincando com as palavras.