Cláudio Manoel da Costa: o poeta do arcadismo e da Inconfidência Mineira

05 junho 2024 às 13h25

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“Que fugisse, que fugisse…
- bem lhe dissera o embuçado! –
que não tardava a ser preso,
que já estava condenado,
que, os papéis, queimasse-os todos…
Vede agora o resultado:
mais do que preso, está morto,
numa estante reclinado,
e com o pescoço metido
num nó de atilho encarnado.”
Na terceira parte do seu “Romanceiro da Inconfidência”, Cecília Meireles fala sobre Cláudio Manoel da Costa. Ele participou da Inconfidência Mineira ao lado de Tiradentes. Não se sabe ao certo a causa da sua morte, se foi morto ou se matou, na cela onde estava preso após a Inconfidência ter sido delatada.
Cláudio Manoel da Costa nasceu em Mariana, atual Minas Gerais, no dia 5 de junho de 1729. Fez seus estudos no Colégio dos Jesuítas, no Rio de Janeiro e depois partiu para Portugal estudar na famosa Universidade de Coimbra onde se formou advogado. Foi inevitável o seu contato com as ideias iluministas. Voltou para o Brasil e, em Vila Rica, trabalhou como jurista. Amante das letras, rabiscou alguns versos que o tornou conhecido em nossa literatura quando o assunto é Arcadismo.
Mas o poeta não estava conformado com a situação do momento. As altas cobranças de impostos pelo ouro extraído o fez aderir à Inconfidência Mineira junto com o amigo Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Tal qual o amigo, foi preso por causa da revolta. Na cela onde ficou, Cláudio Manoel da Costa morreu enforcado no dia 4 de julho de 1789. Há quem diga que ele foi assassinado.
Cecília Meireles levantou essa suspeita no “Romanceiro”:
“Isto é o que conta o vizinho
que ouviu falar o soldado.
Mas do corpo ninguém sabe:
anda escondido ou enterrado?
Dizem que o viram ferido,
ferido, e não sufocado:
de borco em poça de sangue,
por um punhal traspassado.”