COMPARTILHAR

Quando Pelé pendurou as chuteiras em 1o de outubro de 1977, ele jogava pelo New York Cosmos. O soccer invadia os Estados Unidos, terra do football. Quem vê os vídeos do Pelé com a camisa do Cosmos observa que o campo era o mesmo do futebol americano, com as suas linhas bem visíveis. Quando o juiz encerrou a partida, uma multidão invadiu o campo, carregou Pelé nos ombros e fez de tudo para levar camiseta, short e chuteira para guardar de recordação. Um palco foi montado e Pelé agradeceu, pediu pelas crianças (igual o dia que fez mil gols em 1969) e falou “Love, Love, Love”. Era o fim de uma era gloriosa para o futebol. Pelé começou menino na seleção. Com 17 anos já era campeão mundial. Com 37, saía do campo como personagem da História.

O jogo de despedida foi um amistoso entre Cosmos e Santos, que terminou 2 a 1 para o time norte-americano. Pelé jogou pelos dois times e marcou um gol pelo Cosmos. Era a última das 1281 vezes que balançou as redes em sua carreira. Quando ele vestiu pela primeira vez a camisa santista, o futebol brasileiro amargava o Maracanazo de 1950. Quando ele vestiu a última vez essa camisa, o futebol brasileiro era o maior campeão de todos.

Pelé é o rei do futebol. Ele foi para o México disputar a Copa de 1970 já com a marca histórica de mil gols. Acho que não preciso falar sobre o que ele fez ao longo da sua carreira no Santos, na seleção e no Cosmos. Ainda bem que Nelson Rodrigues, Armando Nogueira e Carlos Drummond de Andrade conseguiram escrever com maestria o que os olhos viram Pelé fazer quando tinha a bola nos pés. Como nem tudo é perfeito, Pelé não foi lá essas coisas como comentarista de futebol (Galvão Bueno que diga) e nem como cantor. Aliás, é melhor deixar Caetano Veloso cantar “love, love, love”.