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Quando fechou os portões do Palácio do Catete em 20 de abril de 1960, o presidente Juscelino Kubitschek também fechou uma página da nossa história. No dia seguinte, Brasília, a nova capital federal, seria inaugurada e o Rio de Janeiro deixava de ser o centro nervoso da política brasileira. Muitos cariocas não gostaram da ideia de se mudar a capital para o interior. A partir de 21 de abril de 1960, o Distrito Federal ocuparia um quadradinho do Planalto Central.

Uma forma de minimizar as perdas com a transferência da capital federal, foi a criação do Estado da Guanabara na área onde era o Distrito Federal, no Rio de Janeiro. José Sette Câmara foi nomeado por Kubitschek para governar o novo Estado até as eleições para o governo.

O primeiro governador eleito da Guanabara foi Carlos Lacerda. Imagino a surpresa ao verem o opositor implacável, o demolidor de presidentes ocupar seu primeiro cargo no Executivo. Imagino também Samuel Wainer já pegando no pé do seu inimigo e o seu “Última Hora” apontando cada erro da nova administração.

Lacerda teve a missão de construir este novo Estado. Em 1965, o Rio de Janeiro iria comemorar seu IV Centenário e muita coisa precisava ser feita. E não é que o tribuno da imprensa fez muitas obras? Ele fez a adutora do Guandu, abriu túneis e inaugurou o Aterro do Flamengo.

A experiência na Guanabara fortaleceu o nome de Lacerda para ser o candidato presidencial da UDN nas eleições de 1965. No meio do caminho tinha um golpe, tinha um golpe no meio do caminho. Os militares assumiram o poder em 1964 e não tivemos eleições e nem Lacerda realizou seu sonho de ser presidente da República. Teve de ser contentar em ser “presidente” da Editora Nova Fronteira.

Em 1975 ocorreu a fusão da Guanabara com o Estado do Rio de Janeiro. Brasília continua sendo a capital federal, a Guanabara entrou para a história e o Rio de Janeiro? Continua lindo.