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A elevação do Imposto sobre Operação Financeira (IOF) de 1,88% ao ano para até 3,95% pelo Governo Federal tem encarado resistência do Congresso Nacional e dos setores econômicos. A medida anulou uma mudança do Governo Bolsonaro (PL) que havia diminuído as taxas e retornou para o padrão anterior. 

Atualmente, as duas casas legislativas acumulam 20 projetos para derrubar o decreto que permitiu o aumento da alíquota na última sexta-feira, 23, enquanto isso, lideranças empresariais de todo o país publicaram um manifesto contra a medida a fim de aumentar a pressão sobre o governo e o Congresso Nacional. 

Para ambos os lados, a alíquota do IOF é uma taxa regulatória que funciona para aumentar ou diminuir a movimentação financeira a fim de estimular ou não a economia, um imposto para-fiscal. Apesar disso, a expectativa do governo era de que o mecanismo promovesse a arrecadação de imposto para os cofres públicos, segundo a última previsão antes do abatimento da alíquota de movimentação financeira para o exterior, a previsão era uma arrecadação de R$ 20 bilhões. Ainda nessa semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve se encontrar com banqueiros e senadores para discutir a medida

Ao mesmo tempo, o setor produtivo apontou que a medida impactará os custos de produção em R$ 19,5 bilhões ainda neste ano com o encarecimento das linhas de crédito, câmbio e seguros. Para o ano de 2026, as associações estimam um impacto de R$ 39 bilhões para o desenvolvimento econômico e um aumento da carga tributária em mais de 110% ao ano. 

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“A medida encarece o crédito para empreendimentos produtivos, aumentando a carga tributária do IOF sobre empréstimos para empresas em mais de 110% ao ano e, ao mesmo tempo, expõe assimetrias. A tributação no câmbio impacta a importação de insumos e bens de capital necessários para o investimento privado e a modernização do parque produtivo nacional”, afirmam. 

O documento foi assinado por sete entidades, sendo elas: a Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg); a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC); a Confederação Nacional da Indústria (CNI); a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA); a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB); a Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF) e a Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca).

Impacto em Goiás

O Jornal Opção ouviu o presidente executivo da Associação Pró-Desenvolvimento Industrial do Estado de Goiás (Adial), Edwal Portilho, o Tchequinho, sobre os impactos no Estado. Segundo o empresário, a principal preocupação do setor é a tomada de crédito mais cara, o que desestimula o investimento industrial que estava em crescimento e se posiciona “veementemente contra” o aumento da alíquota no Brasil. 

“A gente fica muito preocupado com essa situação, porque a cada dia que passa o déficit aumenta, a taxa de juros sobe e não é taxando o IOF ou as bets que vai resolver o problema. O problema é muito mais é muito mais embaixo. É cortar realmente as despesas do orçamento para fechar o ano.”

Segundo o presidente executivo da Adial, dois efeitos vão ocorrer com a medida: diminuição da produção e aumento dos preços de produtos e serviços pelo incremento do custeio. Por isso, “o momento exige cautela para o empresário em analisar os custos do financiamento e as necessidades do que é investido”, afirma. 

Da mesma forma, André Rocha, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), se posicionou contra a mudança. Segundo André Rocha, o Brasil necessita cortar gastos para diminuir o déficit e cessar as políticas que aumentam os custos e desestimulam a produção. “Em plena Semana da Indústria, quando reforçamos o papel estratégico do setor produtivo para o Brasil, o Governo Federal surpreende com medidas improvisadas e eleitoreiras, ignorando o diálogo e sacrificando a competitividade da indústria nacional”, disse a Fieg em nota assinada por André Rocha.

A Fieg publicou no dia 26 uma estimativa dos impactos do aumento: R$ 19,5 bilhões em custos adicionais em 2025; R$ 39 bilhões em 2026; crédito 110% mais caro para empresas; Impacto direto na importação de insumos e modernização industrial.