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A Oxford University Press lançou na última terça-feira, 12, o livro Algorithmic Institutionalism: the changing rules of social and political life (Institucionalismo Algorítmico: as mudanças nas regras da vida social e política, em tradução livre). A obra aborda a crescente presença de algoritmos em decisões cotidianas que afetam nossas vidas, bem como os impactos sociais e políticos desse fenômeno. O livro foi escrito por Fernando Filgueiras, da Universidade Federal de Goiás (UFG), e por Ricardo Fabrino Mendonça e Virgilio Almeida.

Algoritmos são, de maneira simples, sequências de instruções executáveis com o objetivo de alcançar um determinado resultado. Nos algoritmos de Inteligência Artificial (IA), as instruções não necessitam ser completamente pré-definidas, pois são derivadas dos dados utilizados durante o treinamento. Os autores tratam de temas complexos de forma acessível e teoricamente informada, agregando discussões da ciência política e da ciência da computação.

O termo se tornou comum ao mencionar as escolhas que plataformas fazem para apresentar conteúdo aos usuários. No entanto, algoritmos estão presentes em uma variedade de softwares (programas) e aplicativos que permeiam a vida cotidiana, influenciando decisões que vão desde a rota sugerida pelo Waze (app de mobilidade) até os encontros propostos pelo Tinder (app de relacionamento). Eles também desempenham um papel no preço das corridas do Uber, na definição de quem tem acesso a políticas sociais específicas ou prioridade na fila de transplantes.

O material lembra que algoritmos prometem soluções rápidas, eficientes e impessoais, que levam em consideração grandes volumes de dados e possibilitam rápida alocação de recursos. Estudos mostram, no entanto, como eles alimentam diversos problemas – da polarização política e ideológica a preconceitos e injustiças, como o que tem sido chamado de racismo algorítmico. Algoritmos de IA, como os do ChatGPT, oferecem conveniência e oportunidades, mas também geram riscos de diversas naturezas.

Algorithmic Institutionalism discute essas questões avançando um argumento inovador: é possível pensar os algoritmos como instituições emergentes das sociedades contemporâneas. Isso porque eles operam como conjuntos de regras que ajudam a estruturar normas e contextos em que seres humanos e máquinas agem. Assim, algoritmos influenciam comportamentos individuais e têm consequências coletivas sobre sociedades.

Ao final, os autores argumentam que, assim como outras instituições complexas foram democratizadas no passado, é preciso pensar como algoritmos podem ser democratizados, de modo a conter os riscos que representam para a sociedade contemporânea.