Revista de âmbito nacional e produção indígena será lançada pela UFG em janeiro

18 janeiro 2024 às 06h42

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O Jornal Opção recebeu nesta quarta-feira, 17, o professor Alexandre Herbetta, vice coordenador do Núcleo Takinahakỹ da Universidade Federal de Goiás (UFG). Desde que foi inaugurado em 2014, o local promove a visibilidade indígena no meio acadêmico, e agora se tornou responsável pela publicação da revista digital Pihhy.
“Talvez seja a primeira revista com esse tipo de proposta, que tem como base a autoria indígena. Então a revista que estamos coordenando é indígena, de âmbito nacional, e compartilha esses conhecimentos na área da educação, do direito, das artes. A idealizadora desse programa é a educadora, artista, e professora Naine Terena”, explica o professor.
Na conversa, ainda são abordados diferentes temas que envolvem as comunidades indígenas do Brasil, mas o professor destaca o convite para o evento de lançamento da nova revista. Quanto à publicação, até o momento está confirmada a produção de 12 edições mensais.
“A revista será lançada no dia 29 de janeiro, na Universidade Federal de Goiás. Teremos muitos convidados especiais, intelectuais indígenas referenciais. Sigam a Revista Pihhy, que estará hospedada no site do Ministério da Cultura. Como eu disse, é uma ideia inovadora no sentido de produção e conteúdo, é uma oportunidade única, especialmente para quem não é indigena, de conhecer essa cultura diversa e rica”, o professor finaliza com o convite em aberto.
O Núcleo Takinahakỹ de Formação Superior Indígena é um espaço físico voltado para a formação de professores indígenas, onde é abrigado o Curso de Educação Intercultural. Esses professores, após serem graduados, muitas vezes retornam para suas comunidades para compartilhar o que foi aprendido, ou continuam no processo de educação formal, com mestrado e doutorado.
“O curso começou com sete povos indígenas, hoje são mais de 30. Então queremos seguir expandindo as nossas atividades e a abrangência do núcleo”. Hoje são cerca de 250 professores e professoras indígenas, de mais de 30 diferentes povos originários, vindos de diferentes estados do país. “Queremos seguir transformando a universidade em um espaço cada vez mais democratico e inclusivo”, afirma.
Sobre as dificuldades encontradas pelos povos indígenas ao adentrar o espaço da universidade, o professor explica que é um desafio importante conseguir acolher pessoas que “vem de povos distintos, com línguas distintas e culturas distintas”. Ele defende que a universidade deve se tornar um espaço mais intercultural, capaz de entender e acolher diferentes culturas.
Ainda é necessário produzir políticas que se adequem às diferenças, de acordo com Herbetta, em múltiplos pontos. Desde a alimentação e calendários, até questões sobre o sistema de avaliação e as práticas pedagógicas. “Posso dizer que a Universidade Federal de Goiás vem fortemente tentando fazer esse processo, mas é algo que se aprende à medida que é feito”, explica.
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