“O agro não para”. Pelo jeito, não mesmo. A catástrofe que atingiu o Rio Grande do Sul é um exemplo dos impactos provocados pelas ações do agronegócio, principalmente o desmatamento para a criação de gado e plantio. 

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Especialistas ouvidos pelo Jornal Opção afirmam a mesma coisa: a tragédia que devastou o estado, responsável por 70% da produção de arroz no país, não foi apenas um fenômeno climático, mas uma consequência da ação humana.

É fato que os produtores, para terem mais espaço e, consequentemente, lucro, desmatam de forma ilegal usando máquinas, agrotóxicos e até o fogo. O resultado: a destruição da fauna e da flora. A prática, no entanto, não é algo isolado e ocorre em todo o país.

O desmatamento do Cerrado em Goiás, por exemplo, aumentou 47% no comparativo dos dados de 2019 e 2022. A área perdida que ficou em 668,24 quilômetros quadrados (km²) no primeiro ano verificado passou para 984,79 no último ano. É mais que o tamanho de Goiânia: 728 km², conforme pesquisa da Universidade Federal de Goiás (UFG) divulgada em 2023.

Porém, como toda ação negligente, há as consequências. O ocorrido no Rio Grande do Sul e, em vários outros estados do Brasil, são provas concretas disso. 

Além de enchentes e alagamentos, o aparecimento de animais selvagens em ambientes urbanos também tem se tornado corriqueiro – o que também é uma consequência do desmatamento provocado pelo agronegócio. Na última semana, uma onça foi vista andando pelas ruas de Jataí, no Sudoeste goiano. 

Ao perder seu habitat natural, os animais invadem o perímetro urbano em busca de recursos e, quando não são mortos, precisam ser resgatados para evitar algum tipo de acidente. Muitos, entretanto, sofrem ferimentos e, dependendo da gravidade, são “condenados” a viver em cárcere por serem incapazes de viver novamente na natureza.