Vereadora evangélica leva filho de 4 anos pra parada LGBT+

26 junho 2023 às 18h44

COMPARTILHAR
No domingo, Goiânia foi palco da 28ª Parada do Orgulho LGBTQIAPN+, uma manifestação para dar visibilidade a uma comunidade que em pleno 2023 ainda precisa lutar por direitos civis e pra pedir mais respeito e tolerância. No entanto, na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), um projeto de lei quer proibir a participação de crianças e adolescentes em eventos como esse no Estado.
O autor da propositura é o deputado estadual Cairo Salim (PSD), que justificou que a “parada gay”, como é popularmente conhecida, “envolve uma temática adulta”. Dessa forma, por estarem em um processo de desenvolvimento físico, emocional e psicológico, menores de idade poderiam ter o seu bem-estar e desenvolvimento impactados negativamente durante a manifestação LGBTQIAN+. Além disso, o projeto ainda afirma que é comum que pessoas seminuas transitem nesses espaços, fazendo insinuações sexuais e protagonizando cenas de intimidade inadequadas.
Em meio a essa polêmica, a vereadora Aava Santiago (PSDB), que é evangélica, esteve presente no evento e levou seu filho de 4 anos e sua sobrinha de 2. “É o terceiro ano que participo, mas é a primeira vez que levo as crianças”, disse. E sua atitude, segundo ela, foi para condenar o projeto de lei que tramita na Assembleia. “Ele parte de uma alegação perversa, preconceituosa e esvaziada de qualquer comprovação cientifica”, garantiu.
Segundo a vereadora, a parada não é sobre sexo, mas sim sobre orientação de gênero e respeito à diversidade. “É sobre as pessoas viverem e não serem espancadas por serem quem são”, afirmou. E para a parlamentar, sua maior preocupação é garantir um futuro com direitos garantidos para todas as pessoas. “Tenho pavor que meu filho conviva com a homofobia e o preconceito. Isso ameaça a formação dele como ser humano”, disse.
O berço evangélico da comunidade gay
Da parada, Aava seguiu com a família para a igreja. “Um domingo comum na vida do crente”, brincou. Mas garantiu que durante todo o tempo em que esteve no local, no início da tarde, não viu nenhuma cena inapropriada para as crianças. “Só vi pessoas felizes. Não tinha nudez alguma ou qualquer atentado contra a fé”, revelou.
A vereadora acredita que a fé não precisa ser usada para promover o ódio e intolerância. “Boa parte da juventude LBGTQUIAPN+ veio de famílias evangélicas. Cresceram nas nossas igrejas e sempre foram muito maltratados. Isso adoece as pessoas e deixa um rastro de discriminação, colocando o Brasil num lugar de muita crueldade. Difundem equivocadamente elementos que muitas vezes criminaliza essa população.