*Com informações de Eduardo Marques

Durante pausa na sessão que julga os acusados de matar o jornalista Valério Luiz, em 5 de julho de 2012, a promotora do Ministério Público de Goiás (MP-GO) comentou o envolvimento do filho da vítima no caso. “Ele tem capacidade técnica para estar ali e sempre demonstro força no processo, mesmo estando numa posição muito difícil. Figurando como advogado na assistência, ele não tem filtro nenhum de informação”, comentou.

Valério Luiz Filho é formado em direito e aparece no processo como assistente de acusação no caso. Por conta disso, segundo a promotora, tudo o que acontece no processo é passado diretamente para ele, o que deve ser encarado como uma vantagem, para a promotora. Ela destaca que o envolvimento de um familiar deveria ser mais recorrente e deve beneficiar a justiça no caso.

“Se ele é filho da vítima, ótimo, pois em processos criminais geralmente os familiares não aparecem, é como se não existissem”, destaca. “Ter um familiar é uma ferramenta a mais contra a defesa, até para a gente conhecer quem é a vítima. Assistentes por muitas vezes não querem sequer ir ao plenário, só municiam o MP sobre quem foi a vítima”.

A promotora pontua que, se em todos os processos, familiares de vítimas ou vítimas sobreviventes, pudessem participar, haveria mais resolução nos julgamentos. “Certamente não teríamos tantos problemas de, no plenário, só se achincalharem a vítima e a gente não ter como mostrar que ela era mais do que a defesa está passando, uma vez que a vítima não tem mais voz”, explica.

Para ela, são dez anos de luta de Valério Filho nesse processo, carregado de muita dor. “Por mais que se tenha orgulho do que ele faz, há um certo sofrimento. É um luto infindável em cada revés, cada sessão adiada”.

Sessão

O promotor Maurício Gonçalves de Camargos também comentou o caso e destacou que está convicto de que as provas reunidas irão ajudar a trazer justiça ao caso. “As provas que já temos no processo nos dão convicção da culpabilidade de todos os réus. Provas testemunhais e periciais, é isso que o MP vai explorar”, explicou.

Ele comemorou que a sessão se instalou, após repetidos adiamentos em oportunidades anteriores. No início da manhã, o corpo de sentença foi escolhido, formado por seis homens e uma mulher.

Além dos dois promotores, há outros dois envolvidos no caso: José Carlos Nery e Sebastião Marcos Martins. O julgamento está previsto para três dias. Nos dois primeiros, serão ouvidas 24 testemunhas arroladas pelo MP e por quatro dos cinco réus, enquanto o último será reservado para debates.