Livro de Gordon Murray apresenta a tese de que há uma guerra contra o Ocidente

16 julho 2023 às 00h01

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“Nos últimos anos, ficou cada vez mais claro que há uma guerra em andamento contra o Ocidente. Ela não é como as guerras anteriores, em que exércitos se chocavam e os vencedores eram declarados. Trata- se de uma guerra cultural, e está sendo travada impiedosamente contra todas as raízes da tradição ocidental e contra tudo de bom produzido por ela.”
O trecho acima, da introdução de Douglas Murray ao seu livro “A Guerra Contra o Ocidente” (Avis Rara, 256 páginas, tradução de Fernando Silva), levanta uma preocupação que deveria incomodar o mundo dos conscientes. Com redação jornalística, muito bem documentada, Douglas aponta o problema com vistas a mostrar a sua surpresa com a indiferença dos intelectuais do Ocidente.
O autor é nada menos do que editor associado do “The Spectator”. Jornalista e autor de best-seller, ele colabora em grandes jornais, como “The Times”, “The Sun”, “The Wall Street Journal”. Seus dois livros anteriores, “A Loucura das Massas: Gênero, Raça e Identidade” e “A Estranha morte da Europa: Imigração, Identidade, Islã” são best-sellers internacionais. Ambos foram publicados no Brasil.

“A Guerra Contra o Ocidente” não é um texto alarmista; ponderado, é um chamamento à razão. Um brado de alerta contra a tendência masoquista em crescimento. O Ocidente, que foi o responsável por tirar, com a economia de mercado, bilhões de seres humanos da miséria, que criou a democracia, libertou os escravos — não só os que alguns dos seus escravizaram, mas também os escravizados pelos da sua raça —, está sob ataque. O mundo está ignorando o muito que deve ao Ocidente pelo seu desenvolvimento, principalmente por ter evoluído e redimido dos seus pecados.
Os fatos, se mais bem analisados, mostram que, apesar das críticas, é para o Ocidente que há correntes migratórias. Não há fluxo de pessoas na direção da China, Índia e África. Os monumentos de exploradores dos escravos e racistas são derrubados nos Estados Unidos e no Canadá, mas o enorme busto de Karl Marx, no cemitério de Highgate em Londres, permanece intacto. Exibindo na lápide a citação de Karl Marx: “Tudo o que os filósofos fizeram foi interpretar o mundo de diversas maneiras, a questão é mudá-lo”. E o que as suas ideias fizeram foi provocar a morte de milhões com a sua ideologia. O que conseguiu com as suas matanças na União Soviética, Cuba, Noruega, Camboja, China… por onde passou. Mas o seu monumento continua inatacável.
Entre a gratidão e o ressentimento, este tem prevalecido na história da humanidade. É uma emoção que atribui aos outros o que deve ser da sua responsabilidade. Douglas cita Nietzsche: “Um dos perigos dos homens de ressentimento é que eles encontraram a sua forma definitiva de vingança, que é transformar as pessoas felizes em pessoas infelizes como eles — esfregar a sua miséria na cara dos felizes, para que se envergonhe de sua felicidade e talvez digam aos outros: é uma vergonha ser feliz! Existe muita miséria! Também houve muito progresso! Não há gratidão pelo que o Ocidente fez pela humanidade, prevalece o ressentimento”.
Segundo Douglas, as pessoas começaram a falar de “igualdade”, mas não pareciam falar em direitos iguais. Elas falavam de “antirracismo”, mas soavam profundamente racistas. Elas falavam de “justiça”, mas pareciam querer “vingança”.
Este é um livro para quem gosta de repensar as suas verdades. É rico em exemplos e dados históricos. Pensa fundo. Vai ao âmago dos problemas com admirável lucidez. Presta um serviço à humanidade com o alerta para os exageros no retorno do pêndulo em que o maior responsável é o maniqueísmo que está permeando a cultura ocidental.
Jorge Wilson Simeira Jacob é escritor e colunista do Jornal Opção.