O prefeito de Iporá, Naçoitan Araújo Leite, que enfrenta acusações de invadir a residência de sua ex-companheira e disparar mais de 15 tiros, foi registrado em vídeo deixando o fórum da cidade algemado e vestindo trajes de prisioneiro. Naçoitan se entregou à Polícia Civil (PC) na manhã desta quinta-feira, 23, e passou por uma audiência de custódia, na qual sua detenção foi confirmada pelo tribunal, resultando em seu retorno à prisão de Iporá.

O advogado de Naçoitan, Francisco Damião, também entrou com um novo pedido de habeas corpus, que aguarda parecer da Procuradoria do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) para ser avaliado. A defesa argumenta que as medidas protetivas já concedidas pela Justiça em relação ao prefeito são suficientes para garantir a segurança da vítima, a ex-primeira-dama do município.

Após cinco dias como fugitivo, o prefeito se entregou à Polícia Civil, apresentando uma arma com registro raspado, alegadamente utilizada no incidente. Em seu depoimento, o gestor afirmou ter perdido a memória após o crime, acordando em uma estrada vicinal sem recordar dos eventos. Segundo a polícia, ele enfrentará acusações de tentativa de feminicídio e tentativa de homicídio.

A defesa do prefeito, por meio de comunicado, expressou aguardar o julgamento do habeas corpus, argumentando que a prisão preventiva é desnecessária, especialmente após a entrega espontânea do prefeito às autoridades.

Rede de proteção

O período em que permaneceu como fugitivo levantou suspeitas sobre a possível existência de uma rede de proteção que pode ter colaborado para que Naçoitan evitasse a prisão por quase uma semana. O Ministério Público de Goiás (MP-GO) expressa preocupação com essa possibilidade. Durante seu depoimento, o prefeito alegou não se lembrar dos detalhes daquela noite.

A existência dessa suposta “rede de apoio” e as pessoas que eventualmente o teriam ajudado durante os cinco dias de fuga são pontos de preocupação a serem investigados, de acordo com o promotor Luiz Gustavo Soares Alves. Ele mencionou que é necessário apurar também como a polícia conduziu a busca e localização do prefeito ao longo desse período. Esses aspectos serão detalhadamente investigados no decorrer do inquérito policial.

A possível “rede de apoio” também foi abordada pelo titular da 7ª Delegacia Regional da Polícia Civil, Ramon Queiroz. Em uma entrevista coletiva em Goiânia, o delegado enfatizou que o foco da equipe está em concluir as investigações relacionadas à tentativa de homicídio e feminicídio. Ele afirmou que se houve favorecimento pessoal ou ajuda para que o prefeito fugisse ou permanecesse desaparecido até sua apresentação, isso será objeto de investigação em processos separados conduzidos pela Polícia Civil.

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