Dois traficantes foram presos pela Polícia Civil do Distrito Federal, com o apoio de policiais dos estados de Goiás e Piauí, por tráfico interestadual de cetamina. A substância de uso veterinário é comumente utilizada no “Boa noite, Cinderela”, coquetel manipulado por criminosos para roubar ou estuprar vítimas. Em cinco anos, o grupo movimentou R$ 3,5 milhões com a venda ilegal do anestésico. 

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A droga também é bastante popular em festas por causa dos efeitos psicodélicos parecidos com os do LSD. A corporação cumpriu ainda 18 mandados de busca em Alexânia (GO) e Teresina (PI), além das cidades brasilienses de Águas Claras, Ceilândia, Guará, Taguatinga, Vicente Pires, Recanto das Emas, Asa Sul, Paranoá e Arniqueiras. 

“O frasco de 50ml da substância era vendido pelo traficante por cerca de R$ 300, R$ 400 em listas de transmissão do WhatsApp. Em datas precedentes a festas eletrônicas no DF, a procura era intensa, fazendo variar o preço”, explica o delegado Erick Sallum, da PCDF. 

Ao longo de seis meses de investigação, a corporação conseguiu mapear a rota de tráfico entre Teresina e o DF, esquema que ocorria há cerca de cinco anos. Uma carga com cerca de 180 frascos de 50ml da droga, inclusive, foi interceptada, sendo a maior apreensão dessa substância no DF. 

As investigações confirmaram que além do fornecedor de Teresina, o líder do esquema, um empresário de grande porte de produtos agroveterinários, possuía um substituto em Alexânia, que também é proprietário de uma loja do ramo. Quando havia dificuldade de remessas de Teresina, a solução era adquirir com o fornecedor mais próximo. Já no DF, a droga era estocada no flat do líder, em Águas Claras, para a revenda a usuários finais e outros traficantes de menor porte. 

O esquema 

Segundo o delegado, o líder do esquema usava CNPJs para adquirir a substância na indústria. Os dois filhos do homem também são investigados, um deles é o veterinário responsável pela loja e o outro gerente da empresa. A substância era enviada ao DF em ônibus. Quando a carga chegava, um funcionário da mesma empresa de ônibus comunicava o empresário que mandava um outro comparsa pegar a encomenda.

“De maneira geral, os traficantes desviam essa substância de lojas veterinárias especializadas e de maneira caseira, usando forno de microondas, efetuam processos de evaporação, separando o cloridrato de cetamina em pó do seu diluente. Esse pó então é vendido e ingerido de diversas formas, inclusive em misturas com outras drogas”, explica Erick Sallum.

Todos os investigados foram indiciados pelos crimes de tráfico de drogas interestadual, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro. Somadas, as penas ultrapassam 35 anos de reclusão.