Falsa esteticista é indiciada por 52 crimes após deformar rosto de mulheres em Goiânia

01 novembro 2023 às 09h00

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A falsa esteticista Karina Jessica Gomes Souza, de 34 anos, foi indiciada pela Polícia Civil (PC) por 52 crimes praticados contra 34 vítimas, em Goiânia. Ao todo, foram concluídos 19 inquéritos envolvendo condutas de exercício ilegal da medicina (20), exercício ilegal da profissão (20), lesão corporal leve (10), uso de documento falso (1) e adulteração de medicamento cosmético (1).
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Mesmo sem qualquer tipo de formação, Karina atendeu pelo menos 180 clientes em cinco locais diferentes durante os três anos em que trabalhou como esteticista, deformando o rosto de sete mulheres. Algumas vítimas, inclusive, podem ter sequelas permanentes. Os procedimentos variavam de R$ 800 a R$ 1 mil.
“O indiciamento foi realizado pelos robustos elementos de provas juntados durante a investigação, como declarações das vítimas, objetos apreendidos, laudos periciais e relatórios policiais. Ela responderá em liberdade. Hipoteticamente, caso ela seja condenada, às penas máximas dos crimes pelos quais foi indiciada, poderá ultrapassar 30 anos de prisão”, explicou o delegado Wellington Ferreira, responsável pela investigação.

“Fiquei deformada”
Em agosto, durante entrevista exclusiva ao Jornal Opção, duas vítimas da falsa esteticista contaram como sofreram com os procedimentos estéticos. A fisioterapeuta, Elisângela Moreira Moura, e a servidora pública, Simone Peres Mesquita, explicaram que conheceram a investigada por meio das redes sociais e ambas tiveram os rostos deformados.
A própria Karina também sofreu complicações após aplicar produtos em si mesma. Elisângela afirmou que fez preenchimento labial e aplicação no “bigode de gato” em julho de 2022. Na época, ela pagou R$ 996 pelo serviço, mas começou a ter efeitos colaterais logo depois do procedimento. A mulher desenvolveu infecção na boca, e por isso, precisou ficar três dias internada. Ao todo, a fisioterapeuta levou dois meses para se recuperar.
“Quase morri, precisei ficar internada no hospital neurológico tomando antibióticos. Começou com um pouco de inchaço, mas depois agravou. Ela sumiu depois que tive os problemas”, contou.
Simone, por outro lado, desenvolveu edemas em todo o rosto, além de sofrer com inchaço e dores por um mês. Assim como Elisângela, o procedimento foi realizado em 2022. Ela explica que mesmo depois de um ano, ainda sofre com marcas roxas na boca que aparecem “do nada”.
“Procurei uma dermatologista que disse que é uma provável sequela. Ela [Karina] se apresentou como biomédica, me deu toda a segurança que iria dar certo. Quando surgiram as complicações, no mesmo dia, ela nunca mais me recebeu. “Só ficava passando mensagem pelo WhatsApp, ora falava que era ela, ora se dizia secretária da doutora. Dizia sempre que era normal e que iria passar’”, afirmou.

Medicamentos controlados
Além de provocar lesões, Karina também receitou, de forma ilegal, medicamentos as vítimas após elas a procurarem para se queixar de dores. Alguns, inclusive, eram controlados. Simone, por exemplo, foi aconselhada a tomar 4mg de dexametasona de oito em oito horas.
O remédio é usado para o tratamento de reumatismo, doenças de pele, alergias graves, asma, doença pulmonar obstrutiva crónica, crupe, edema cerebral, dor ocular pós-cirúrgica e, em combinação com antibióticos, tuberculose.
“Você vai tomar 4mg de dexametasona de oito em oito horas. Está inchado, vai melhorar sim”, diz uma das mensagens enviadas por Karina à Simone, ao qual o Jornal Opção teve acesso. “Simone, a dra falou para você tomar nimesulida”, dizia outra mensagem.
