Laudo comprova violência sexual de miss que diz ter sido estuprada por delegado em Goiânia

11 janeiro 2024 às 08h41

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A miss trans Jade Fernandes, de 23 anos, que afirmou ter sido estuprada pelo delegado Kleyton Manoel Dias após saírem de uma festa, em Goiânia, teve a violência sexual comprovada por meio de laudo da Polícia Técnico Científica. O exame pericial atestou que a vítima teve uma uma lesão profunda devido ao crime.
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O laudo aponta ainda que a jovem teve sangramento contínuo por vários dias. O documento foi encaminhado para a Polícia Civil (PC), que aguarda o resultado de uma outra perícia realizada no carro do delegado, onde a vítima afirma ter sofrido o abuso.
Um outro exame também foi realizado com o objetivo de saber se a vítima foi dopada pelo suspeito. Por meio de nota, o delegado negou o crime e afirmou que iria “provar a inocência”.
Estupro
De acordo com Jade, ela estava em uma boate de Goiânia na última sexta-feira, 5, onde comemorava o aniversário de um jornalista. Foi nesta festa que ela conheceu o delegado, que também era convidado do evento. Ao final, ela, o investigador e uma outra mulher combinaram de ir para outro local.
Um vídeo mostra o delegado e a miss deixando a boate, antes do estupro denunciado por ela acontecer. Nas imagens, os dois conversam dentro do estabelecimento e dão um beijo ao se dirigirem ao caixa. A outra mulher estava ao lado presenciando tudo.
Segundo Jade, Kleyton ofereceu carona até o novo estabelecimento. Dentro do carro, a mulher perguntou à Jade se ela era uma mulher ou um homem e ela teria respondido que era uma “boneca”. Depois da resposta, ela afirmou que houve uma mudança de comportamento do delegado, que decidiu cancelar a continuidade da noite e se ofereceu para deixar as duas mulheres em casa.
A outra mulher foi deixada no bairro Jardim Novo Mundo. Em seguida, o delegado seguiu em direção à casa de Jade, no Setor Jaó. A vítima disse que não se lembra de todo o trajeto, porém, lembra que em determinado momento, o delegado parou o carro em um local escuro e pouco movimentado e perguntou sobre o que fariam e ela afirma ter dito que iria para casa.
“Ele colocou o órgão genital para fora e pediu pra gente fazer alguma coisa [de cunho sexual]. Eu insisti que não queria e, a partir daí, ele começou a ficar um pouco mais agressivo”, disse a miss.
Segundo a vítima, foi nesse momento que o delegado passou a forçá-la a praticar sexo com ele. De acordo com Jade, mesmo com as negativas, Kleyton a levou até o porta-malas do carro, onde praticou o estupro. Jade continuou dentro do compartimento do veículo até o delegado parar em frente à casa dela.
“A partir do momento que eu não tenho interesse, que eu me nego a me deitar com homem, e ele força, eu acredito que seja estrupo. Ninguém tem uma relação sexual e joga a outra pessoa no porta-malas do carro ensanguentada”, desabafou a vítima.
Uma câmera de segurança registrou quando a jovem saiu do veículo completamente nua. Pelas imagens é possível notar que ela esconde as partes íntimas com os sapatos. Minutos depois, o delegado retorna ao local e deixa o vestido de Jade na porta do imóvel.
Medida protetiva
Mesmo antes do resultado do laudo, Jade conseguiu uma medida protetiva contra Kleyton Manoel. A medida foi concedida pelo juiz plantonista Thiago Soares Castelliano Lucena de Castro.
No documento emitido pelo Tribunal de Justiça de Goiás (TJ), o juiz determinou que o delegado permaneça a uma distância mínima de 300 metros de Jade e de seus familiares, sem qualquer tentativa de aproximação; não entre em contato com ela ou seus familiares por qualquer meio de comunicação (telefone, WhatsApp, e-mail e outros) e não frequente os mesmos locais.
Kleyton Manoel foi afastado de suas funções e passou a atuar em uma unidade administrativa. Segundo a Polícia Civil, assim que tomou conhecimento do caso, a corporação adotou todas as medidas necessárias para o esclarecimento da situação.