Falta de preparo de Goiânia na volta às aulas vira assunto de audiência pública

29 janeiro 2024 às 12h48

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Marcada por polêmicas, a volta às aulas em Goiânia foi assunto de uma audiência pública realizada nesta segunda-feira, 29, na Câmara dos Vereadores da capital. Parlamentares, representantes de entidades sindicais e do Ministério Público de Contas e Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) debateram a falta de preparo da gestão de Rogério Cruz (Republicanos) junto à educação, que é alvo de denúncias principalmente na área infantil.
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Apenas a educação municipal foi alvo de ao menos quatro denúncias, dentre elas o manejo de servidores da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) e da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) para ocuparem cargos de administração durante a paralisação dos profissionais da educação. Há ainda investigações da Polícia Civil (PC) e do TCM sobre a falta de infraestrutura nos Centros Municipais de Ensino (CMEIs), onde crianças foram flagradas dormindo em colchonetes no chão na unidade Frei Nazareno Confaloni.
“A falta de colchonetes é só a ponta da violação do direito das crianças. Temos ainda mais de 9 mil crianças fora das escolas. Esse déficit pode aumentar ainda, visto que os dados oficiais ainda não foram divulgados. Por outro lado, temos uma falta de transparência com a aplicação desses recursos. A secretaria passou a usar a ata de forma discricionária para que alcancem alguma coisa que eles justifiquem, mas sem o processo licitatório”, explicou a vereadora Kátia Maria (PT), responsável por convocar a audiência.
Crianças dispensadas
Aava Santiago, vereadora pelo PSDB, informou que a diretora da unidade de ensino onde as crianças foram flagradas dormindo no chão, chegou a pedir a Secretaria Municipal de Ensino (SME) para que elas fossem liberadas no período vespertino para não serem expostas a condições degradantes, mas não teve o pedido atendido.
A parlamentar afirmou que Rogério Cruz e o secretário municipal de educação, Rodrigo Caldas, mentiram e foram irresponsáveis ao atribuir a culpa da falta de infraestrutura à diretora do Cmei, que virou notícia nacional ao ter as imagens dos alunos vazadas.
“A Câmara foi exposta a uma sessão extraordinária para votar um empréstimo no dia 27 de dezembro, mas não teve nenhuma sessão extraordinária para discutir o calendário da educação. A solução mágica do Paço Municipal foi prorrogar por mais dois meses os contratos dos servidores temporários, sendo que para a prorrogação de contratos, o município precisa da aprovação da Câmara”, afirmou Aava.
O calendário letivo começou, conforme Aava, com cerca de 1 mil servidores a menos após o fim do contrato de servidores comissionados. O déficit fez com que aulas fossem suspensas, além de precisar “juntar” salas para que os alunos fossem atingidos.
“Pior prefeito da história”
Profissionais da educação também marcaram presença na reunião. Há mais de 20 anos atuando em unidades de ensino, a agente de apoio Glaucinei Moreira de Faria disse que em toda a carreira nunca se deparou com uma gestão “tão ruim”.
Mãe de uma criança de 10 anos, Glaucinei conta que educação pública municipal enfrenta a pior crise da história, tanto no quesito estrutural quanto administrativo. Acompanhada de um cartaz que questionava se o servidor precisava da Justiça para conseguir o plano de carreira, a mulher afirmou que desde 2011 os profissionais não têm reajuste salarial, que hoje gira em torno de R$ 700 líquidos.
“Essa gestão é a pior de todas, sem igual. Esse é o pior prefeito que Goiânia já teve, não só para os funcionários, mas para tudo. A gestão dele é péssima, está deixando em branco coisas prioritárias para a população e gastando dinheiro com outras, as deixando meia-boca. Na greve mesmo, as crianças ficaram comendo banana e maçã no lanche por muito tempo”, concluiu.
