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Em entrevista exclusiva ao Jornal Opção, Olavo Noleto afirma que a ministra Nísia Trindade foi escolhida por Lula por sua capacidade técnica, como contraponto ao governo anterior, e por isso deve permanecer no cargo. “É uma prerrogativa do presidente a permanência dela no cargo, mas é um nome técnico excelente, que fez carreira na Fiocruz (…) e a Saúde não é uma pasta para qualquer partido”, explicou Olavo. Ele é o segundo nome da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), responsável em outras atribuições, por construir a ponte entre o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto.

O cargo de Ministro da Saúde é um dos mais cobiçados, porque lidera a execução de orçamento de R$ 180 bilhões anuais. É lá que estão metade das emendas parlamentares – mais de R$ 10 bilhões. Até o momento, R$ 3,3 bilhões foram liberados. Na última semana, por conta de uma suposta falta de traquejo político, o cargo de Nísia foi alvo de pressão do Centrão na figura do presidente da Câmara, Arthur Lira. Para além disso, enquanto titular da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a ministra tem sido investigada pelo ministério da Justiça (MJ) por envio de dados inconsistentes acerca do uso de drogas no Brasil.

A democracia exige construir pontes e chegar ao “meio termo” possível, diz Olavo Noleto. Foto: arquivo

Analistas políticos afirmam que ao “minar” Nísia, um alvo secundário seria Alexandre Padilha que é ex-Saúde no governo Dilma e responsável pela indicação da mesma. Sobre esse jogo de poderes, Olavo responde que tensão entre Congresso e Planalto é “absolutamente normal”. “Ficamos (o Brasil do período Bolsonaro) desacostumados à construir consensos. A democracia é isso: articular e chegar ao meio termo, que não é a visão particular do Partido dos Trabalhadores (…) ou da Aline, do Olavo, ou do Arthur. É construir o possível entre as diferentes visões de governo”, explicou. Olavo já foi secretário de Assuntos Federativos da Casa Civil, nos governos Lula e Dilma Rousseff, e antes de voltar para Brasília para o cargo na SRI, em janeiro, era presidente da Companhia de Desenvolvimento de Maricá, no Rio de Janeiro.

Tensões entre Congresso e Planalto

“Vamos sempre trabalhar pelo diálogo e continuar conversando inclusive com partidos que se declaram de oposição, mas que têm contribuído muito para as votações do governo”, garantiu Olavo. “(…) É uma bobagem isso de achar que não haverá tensão entre diferentes visões de mundo “, disse.