“Nísia Trindade deve permanecer no cargo”, afirma Olavo Noleto

26 junho 2023 às 09h25

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Em entrevista exclusiva ao Jornal Opção, Olavo Noleto afirma que a ministra Nísia Trindade foi escolhida por Lula por sua capacidade técnica, como contraponto ao governo anterior, e por isso deve permanecer no cargo. “É uma prerrogativa do presidente a permanência dela no cargo, mas é um nome técnico excelente, que fez carreira na Fiocruz (…) e a Saúde não é uma pasta para qualquer partido”, explicou Olavo. Ele é o segundo nome da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), responsável em outras atribuições, por construir a ponte entre o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto.
O cargo de Ministro da Saúde é um dos mais cobiçados, porque lidera a execução de orçamento de R$ 180 bilhões anuais. É lá que estão metade das emendas parlamentares – mais de R$ 10 bilhões. Até o momento, R$ 3,3 bilhões foram liberados. Na última semana, por conta de uma suposta falta de traquejo político, o cargo de Nísia foi alvo de pressão do Centrão na figura do presidente da Câmara, Arthur Lira. Para além disso, enquanto titular da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a ministra tem sido investigada pelo ministério da Justiça (MJ) por envio de dados inconsistentes acerca do uso de drogas no Brasil.

Analistas políticos afirmam que ao “minar” Nísia, um alvo secundário seria Alexandre Padilha que é ex-Saúde no governo Dilma e responsável pela indicação da mesma. Sobre esse jogo de poderes, Olavo responde que tensão entre Congresso e Planalto é “absolutamente normal”. “Ficamos (o Brasil do período Bolsonaro) desacostumados à construir consensos. A democracia é isso: articular e chegar ao meio termo, que não é a visão particular do Partido dos Trabalhadores (…) ou da Aline, do Olavo, ou do Arthur. É construir o possível entre as diferentes visões de governo”, explicou. Olavo já foi secretário de Assuntos Federativos da Casa Civil, nos governos Lula e Dilma Rousseff, e antes de voltar para Brasília para o cargo na SRI, em janeiro, era presidente da Companhia de Desenvolvimento de Maricá, no Rio de Janeiro.
Tensões entre Congresso e Planalto
“Vamos sempre trabalhar pelo diálogo e continuar conversando inclusive com partidos que se declaram de oposição, mas que têm contribuído muito para as votações do governo”, garantiu Olavo. “(…) É uma bobagem isso de achar que não haverá tensão entre diferentes visões de mundo “, disse.