Em prestação de contas, Mabel apresenta dívida consolidada de R$ 1,5 bilhão, mas superávit de R$ 700 milhões

29 maio 2025 às 11h32

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O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (UB), prestou contas do 1º quadrimestre na Câmara Municipal de Goiânia, na manhã desta quinta-feira, 29. A reunião da Comissão Mista contou com o secretário de Fazenda, Valdivino de Oliveira, e demais vereadores que acompanharam a leitura do relatório financeiro dos primeiros quatro meses da prefeitura.
De maneira geral, o município registrou um superávit de R$ 705.548.582, um aumento de 350% se comparado com o apurado nos primeiros quatro meses de 2024, de apenas R$ 156.106.886. Por causa dos números positivos, o encontro foi marcado com questionamento sobre o discurso da manutenção da calamidade financeira, inclusive perpetrada pelo presidente da comissão, o vereador Cabo Sena (PRD).
Receitas subiram em 2025
De acordo com os dados consolidados, a gestão de Mabel registrou um aumento de 14,25% na receita total do município, se comparado com o mesmo período de 2024, saindo de R$ 3.062.657.916 para R$ 3.499.207.107. O crescimento ocorreu acima da inflação atual de 5,53%, com um crescimento de 8,27% se descontada a alteração inflacionária.
Deste número, mais da metade do valor arrecadado veio por meio de impostos pagos ao município, cerca de R$ 1,5 bilhões, correspondendo a: Imposto Predial do Território Urbano (IPTU), Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), Imposto Sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), Imposto sobre Renda Retido na Fonte (IRRF) e taxas.
Ainda sobre isso, o município registrou um aumento de quase o dobro do IRRF entre o quadrimestre de 2024 e 2025, com R$ 121.425.353 saindo para R$ 242.651.181. Enquanto isso, o IPTU do município cresceu em 6,81%, com R$ 661.831.945,06 se comparado ao R$ 619.660.757,83. Da mesma forma, a arrecadação de imposto de serviço cresceu 17,08% com R$ 483.235.763,26 apurados em 2025 contra o R$ 412.727.519,61 do ano anterior.
E os gastos caíram
Do outro lado, as despesas tiveram uma queda segundo a prestação de contas do município, parte promovido pelo corte de gastos anunciado por Mabel ao assumir a gestão. Segundo os dados consolidados, as despesas totais líquidas caíram 7,47% se comparado ao efetuado no ano de 2024, com R$ 2.807.895.103 pagos pelo Executivo.
Apesar disso, a prefeitura aponta que o valor é ainda menor se não tivesse que pagar as dívidas e os atrasos gastos do ano anterior, correspondendo a R$ 182.204.376,48, sendo R$ 125.204.376,48 de servidores e R$ 57.000.000,000 da Comurg. Por causa deste excesso, a prefeitura registrou um déficit de R$ 100 milhões se comparado ao empenhado pelos dois períodos. Por outro lado, a prefeitura diminuiu os investimentos em créditos, aplicações e amortização da dívida com uma redução de 64,64% de empenhos feitos em despesas de capital.

Apesar da diminuição, a gestão Mabel aumentou os pagamentos nos setores essenciais do poder público, como na Saúde e na Educação em comparação ao último ano de Rogério Cruz (Solidariedade). Em 2025 na área da Saúde, a gestão Mabel aplicou R$ 3 bi a mais que o empenho feito pela gestão Cruz em 2024, em Educação o aumento foi de quase de quase R$ 4 bi ao comparado com o a gestão passada, contudo, ainda abaixo do piso constitucional de 25% das despesas, correspondendo a 22,57%.
Dívida ainda menor
Outro dado relevante foi a Dívida Consolidada Líquida (DCL) apresentada no valor de R$ 162.734.814, enquanto a dívida consolidada repousa no montante de R$ 1.592.392.786,12, correspondente a dados relacionados aos atrasos do executivo, sem contar com as autarquias e empresas públicas do município, sendo R$ 635 milhões em valores contratuais. Anteriormente, Mabel repercutiu em entrevistas o valor da dívida aproximada em R$ 4 bilhões.
Replanejamento financeiro
Em coletiva de imprensa antes do começo da sessão, Mabel afirmou que parte das despesas foram reduzidas a partir de um replanejamento financeiro que inclui o pagamento da Saúde pelo dinheiro repassado da União para o SUS, e não da prefeitura. Este número corresponde a um aumento de R$ 40 milhões no repasse entre os dois períodos.
“Nós gastamos um absurdo com a área de Saúde [em 2024] e não cobramos do SUS. Então você vai ver lá que nós recebemos muito mais repasse do SUS. Por quê? Porque nós passamos a faturar quase tudo que tem para ser faturado. Então eu consigo tirar da fonte e não gastar tanto, porque eu ponho o SUS para pagar o que é a parte que ele tem para pagar”, afirmou.
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Apesar disso, o gestor afirmou que a gestão contínua administra a cidade com ritmo de calamidade financeira, com ou sem o reconhecimento da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) e o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-GO). Por causa desta postura cautelosa, afirma que a prefeitura deve reduzir os investimentos na cidade em 2025 enquanto “arruma” o cenário fiscal do município.
“Esse ano investimento vai ser pouco, vai ser um ano de arrumação. Mas nós estamos investindo. Estamos fazendo Brilha Goiânia, vamos fazer uma parte de asfalto, vamos fazer uma série de coisas que estão sendo programadas. Agora, para os próximos anos, depois de arrumada a cidade, eu pretendo investir pelo menos um bilhão de reais do caixa da prefeitura todos os anos”, afirmou.