Maternidades de Goiânia suspendem atendimento e urgência funciona sem ambulância

18 setembro 2023 às 11h23

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As três maternidades de Goiânia sob gestão do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (Fundahc/UFG) paralisaram seus atendimentos nesta segunda-feira, 18. Segundo a Fundahc, estão funcionando apenas serviços de urgência e emergência. Enquanto isso, funcionários relatam faltar insumos básicos, ambulância para transferência dos pacientes e pagamento para médicos, que estão sem receber desde o mês de maio.
Isso significa que funcionam apenas os serviços de emergência nas maternidades Hospital e Maternidade Dona Iris (HMDI), Nascer Cidadão (MNC) e o Hospital e Maternidade Municipal Célia Câmara (HMMCC).
Uma enfermeira do HMMCC, que optou por não ser identificada, disse que no hospital falta até ambulância para transferência dos pacientes, isso porque alguns prestadores já não estão fornecendo alguns serviços por falta de pagamento. “Recebi atrasado, o pagamento caiu só dia 13 e não teve correção do valor. Além disso, o vale refeição não caiu até hoje. Os médicos estão sem receber desde maio”, disse ela.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) realizou um repasse atrasado de R$ 5 milhões na última quarta-feira, 13. O valor, no entanto, não foi suficiente nem para pagar o salário atrasado dos funcionários. Apesar da promessa de novos repasses, a SMS não informou os valores e nem determinou um prazo para os pagamentos. Procurada pelo Jornal Opção, a secretaria segue sem informar a data dos próximos repasses.
Em posicionamentos anteriores, a secretaria informa que os pagamentos são recursos do tesouro municipal, e que a SMS não recebe fundos “suficientes” do Ministério da Saúde (MS). Diante da crise na saúde municipal, o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), anunicou que irá substituir o secretário municipal de saúde na próxima terça-feira, 19.
“As mulheres e as crianças de Goiânia não podem ficar reféns da má gestão do serviço de saúde! Estive novamente na Maternidade Nascer Cidadão e é cada vez mais preocupante a situação que os trabalhadores e trabalhadoras têm enfrentado no atendimento à população. Os R$ 5 milhões repassados à FundaHC não foram suficientes para pagar nem o vale alimentação desses trabalhadores. Os atendimentos eletivos correm um sério risco de serem suspensos pois é insustentável mantê-los sem verba”, denunicou a vereadora Kátia Maria (PT). Ela informa ainda que foi apresentado requerimento solicitando da prefeitura o encontro de contas.
Leia também: Sob ameaça de restrição de serviços em maternidades, Prefeitura de Goiânia promete “novos repasses” à Fundahc
Salários
Embora a SMS tenha feito o repasse de R$ 5 milhões para a Fundahc na última quarta-feira, 13, a quantia foi utilizada para pagar salários e despesas trabalhistas aos funcionários celetistas. “O custo para o funcionamento das maternidades é de quase R$ 20,3 milhões e nós não tivemos repasse financeiro nos últimos dois meses”, disse Lucilene Maria de Sousa, diretora da Fundahc em coletiva.
A diretora-executiva destaca o papel que gestores e colaboradores desses hospitais têm assumido para dar continuidade ao serviço. “Chegamos a uma situação caótica na qual somente hoje foi feito o pagamento dos salários dos colaboradores das maternidades. O pagamento normalmente é feito no quinto dia útil do mês, então tínhamos férias sem pagamento, além de outros direitos trabalhistas”.
Notas em aberto
De acordo com material distribuído pela assessoria de comunicação da Fundahc durante a coletiva de imprensa, “além do saldo devido pelas notas em aberto de 2021 e 2022, não houve o repasse previsto em convênio para os serviços prestados em julho e agosto de 2023, que somam R$ 40.590.443,80. Referente à competência de maio, que deveria ser paga em junho, ainda falta receber R$ 2.722.458,45. Assim, o valor total em aberto é de R$ 43.312.902,20”.
O custo mensal para funcionamento das maternidades públicas municipais, seguindo os planos de trabalho vigentes é de R$ 6.985.123,43 para o Hospital e Maternidade Dona Íris (HMDI); de R$ 10.372.357,11 para o Hospital e Maternidade Municipal Célia Câmara (HMMCC); e de R$ 2.937.741,38 para a Maternidade Nascer Cidadão (MNC), totalizando R$ 20.295.221,92.