A Polícia Federal (PF) interceptou uma mensagem em que mostra um empresário, amigo do deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), expressando preocupação sobre o uso de verba pública para alugar um espaço que abrigava a Gayer Language Institute, escola de inglês do filho do parlamentar. O montante também era utilizado para o funcionamento do gabinete político do deputado e para as atividades presenciais da loja “Desfazueli”, também do filho.

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“A escola tá sendo paga com recurso público e tá sendo usada pra um fim totalmente que, tipo num existe, né. Num tem como ser assim, e aí eles vão levando, ou seja, ainda não entenderam a gravidade, sabe. Moço pra esse povo já ter alguém ali na porta fiscalizando… filmando… vai ser igual o caso aquela mulher do Popular na Assembleia (…)”, disse João Paulo de Souza Cavalcante a um secretário parlamentar de Gayer.

“O Gustavo hoje ele é uma vidraça, ele é um alvo e se for pra cima, moço, infelizmente a gente tá tipo errando nesse sentido, a gente tá pregando uma coisa e vivendo outra… infelizmente, a gente tem muitas coisas erradas acontecendo aí”, reforçou o empresário.

Gayer teve o celular apreendido pela PF na manhã desta sexta-feira, 25, durante operação da corporação em Goiás e Distrito Federal. Além do parlamentar, os assessores dele também foram alvos da ação, que encontrou mais de R$ 70 mil em espécie na casa de um dos investigados. 

No total, 19 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Cidade Ocidental, Valparaíso de Goiás, Aparecida de Goiânia, Goiânia e Brasília (DF). Os crimes investigados são: associação criminosa, falsidade ideológica, falsificação de documento particular e peculato.

Gayer se pronuncia

Por meio de um vídeo divulgado no Instagram, Gayer negou as ilegalidades e afirmou que nunca cometeu crimes. De acordo com o parlamentar, a operação visa prejudicar Fred Rodrigues (PL), candidato à prefeitura de Goiânia (GO), com quem ele está colaborando na campanha. 

“Eu que nunca fiz nada de errado, nunca cometi nenhum crime. Tô sendo tratado como criminoso pela nossa Polícia Federal e pelo Alexandre de Moraes (ministro do STF). Nunca pensei que eu fosse passar por uma coisa dessa. Ore por mim, ore pela minha família, mas o mais importante, ore pelo nosso país”, reforçou.

Em nota, a assessoria de imprensa do parlamentar informou que a operação a dois dias do segundo turno das eleições municipais “causa bastante estranheza” e que o processo é sigiloso (veja nota completa abaixo).

Nota Gustavo Gayer

Uma operação da Polícia Federal a dois dias da eleição municipal, determinada por Alexandre de Moraes, nos causa bastante estranheza.

O que nós sabemos até o presente momento é que se trata de um processo físico e sigiloso, onde nem mesmo os advogados têm acesso de imediato ao seu conteúdo.

Já estamos providenciando a habilitação nos autos, que poderá ser admitida somente por Alexandre de Moraes, sem prazo certo e determinado.

Entendemos que ações deste tipo não podem ser deflagradas no ápice do processo eleitoral, posto que atos judiciários interferem diretamente na política local, o que coloca em xeque a seriedade das decisões”.