A balança comercial de Goiás fechou o ano de 2023 com um saldo positivo de US$ 8,96 bilhões. Os dados divulgados no Boletim do Comércio Exterior do Instituto Mauro Borges desta segunda-feira, 22, mostram que o valor exportação foi de US$ 13,846 enquanto o Estado importou US$ 4,883 bilhões.

Dois setores do agronegócio industrializados se destacaram, tanto em valor quanto em volume. Cereais, farinhas e preparações o complexo sucroalcooleiro, tiveram alta, respectivamente, de 32,49% e 63,45% no valor exportado e 57,28% e 37,15% no volume em toneladas.

“O setor sucroalcooleiro é uma indústria energética, considerada renovável e que reaproveita o bagaço da cana para gerar energia elétrica. É um sinal do desenvolvimento de uma indústria mais complexa em Goiás”, aponta o analista de relações internacionais no Centro Internacional de Negócios da Federação da Indústria e Comércio de Goiás (Fieg), Carlos Stuart.

Apesar do maior saldo desde 1994, o valor das exportação tiveram uma queda de 2,1% neste período. Stuart, argumenta que essa queda foi motivada pela redução do preço das commodities agrícolas, principal mercadoria de exportação do Estado.

“Fatores como o conflito entre Rússia e Ucrânia afetaram um pouco o resultado, mas o agronegócio segue como o segmento com o maior saldo da balança comercial”, diz.

Protagonismo

O complexo de soja segue como a principal mercadoria goiana que vai para fora do País, mas o valor da exportação teve uma variação negativa de 2,31%. O volume das exportações, no entanto, saltou de 12,9 milhões de toneladas para 14,3 milhões em um ano. Uma variação positiva de 10,3%.

A superintendente de estudos sociais e ambientais do IMB, Evelyn Cruvinel, explica que o resultado positivo foi puxado pelo agronegócio goiano.

“Foi verificado um superávit no volume de exportações, resultado da demanda aquecida do mercado externo, em especial do mercado chinês. Os preços elevados das commodities também tiveram papel significativo nesse cenário. Um superávit principalmente da soja, do milho e, adicionalmente, nós tivemos uma produção interna de grãos recorde. Então o agronegócio, ele mantém seu protagonismo nos números do comércio exterior em Goiás”, explica.

Queda dos preços dos defensivos favoreceu resultado

No que se refere a importação, Goiás registrou uma queda de 10% no volume no comparativo entre os dois anos. Caiu também, em 18,4%, o valor das transações. Esse resultado é fruto, principalmente, da menor quantidade de fertilizantes e defensivos agrícolas exportados, em grande parte, da Rússia.

Essa queda no valor FOB (preço sem valor do frete) de importação dos fertilizantes favoreceu o resultado positivo da balança comercial. Em 2022, quando comprou 2,8 milhões de toneladas de fertilizantes, o valor foi de US$ 1,9 milhões. Já em 2023, quando comprou 2,4 milhões de toneladas, o valor do FOB foi de apenas US$ 875 mil.

Em primeiro lugar na pauta de importações, estão os produtos farmacêuticos, seguidos de adubos (fertilizantes) e veículos. O grande destaque das importações foi o segmento dos produtos farmacêuticos (33,9%) e dos fertilizantes (17,9%), visto que a soma da participação de ambos representa 51,8% do valor das importações totais de Goiás.

O valor das importações de produtos farmacêuticos apresentou crescimento de 30,1%, enquanto que os fertilizantes revelaram uma queda de 56,2% no valor importado e 10% no volume. O fato é consequência dos acontecimentos internacionais nos últimos dois anos, principalmente relacionados à guerra entre a Rússia e Ucrânia, e às variações nos preços das commodities.

Expectativas para 2024

Cruvinel ainda destaca que para 2024, o cenário pode apresentar um recuo tanto nas exportações como nas importações.

“O cenário nacional aponta para uma desaceleração da balança comercial impulsionada pela redução na produção agrícola. A agricultura está sujeita a diversos fatores externos a sua economia local, como por exemplo, a diminuição nos preços das commodities. Contudo, a expectativa é que o estado se sentir, sinta de uma maneira menos intensiva. Sobre as perspectivas em relação à importação não são boas devido o processo que o governo federal tem feito para dificultar a importação. Entre as medidas que o governo federal tem adotado, podemos estar a fim de isenções fiscais e aumento de tributos”, afirma.

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