O julgamento dos recursos à 2ª instância da defesa dos acusados no assassinato do radialista Valério Luiz, em 2012, está marcado para dia 19 de fevereiro deste mês. A sessão, no entanto, deve ser adiada para o dia 27, tendo em vista que os advogados de acusação devem pedir sustentação oral. O assistente de acusação Valério Luiz Filho disse ao Jornal Opção que com a aproximação do julgamento, a “ansiedade é grande, mas tecnicamente não está bom para eles”.

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Ele explica que, apesar do Código de Processo Penal autorizar, desde 2019, o cumprimento da prisão a partir de uma condenação do Tribunal do Júri, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) é que o instrumento é inconstitucional. Valério argumenta, no entanto, que a segunda instância não pode reformar a decisão dos jurados. “Com a condenação em segundo grau é praticamente impossível eles reverterem, aí é só uma contagem regressiva para eles começarem a cumprir a pena”, garante.

“Eles pediram a anulação do julgamento e elencaram um série de de elementos que consideram que não foram cumpridas. Outro argumento também é sobre a imparcialidade do juiz que teria sido muito duro com os acusados”, pontua.

Respondem pelo crime Ademá Figueredo, Marcus Vinícius Xavier, Urbano Malta e Maurício Sampaio, que é considerado o mandante do crime. Eles foram condenados a 16 anos de prisão em regime fechado.

Relembre o caso

Valério Luiz de Oliveira foi assassinado em 5 de julho de 2012 ao deixar as dependências da rádio em que trabalhava no Setor Serrinha, região sul de Goiânia. O crime foi cometido por volta das 14 horas, na Rua T-38, no Setor Bueno, a poucos metros da emissora. Segundo apurado no inquérito policial, Ademá Figuerêdo Aguiar Filho, em “conluio, repartição de tarefas e contando com a participação dos demais denunciados, efetuou vários tiros em Valério Luiz de Oliveira,”.

Foi verificado ainda que as críticas que Valério Luiz de Oliveira fazia à diretoria do Atlético Clube Goianiense, no exercício da profissão de jornalista e radialista esportivo, nos programas Jornal de Debates, da Rádio Jornal 820 AM, e Mais Esporte, da PUC TV, teriam desagradado Maurício Sampaio, que era dirigente do clube de futebol. Os comentários da vítima geraram “acirrada animosidade e ressentimento no empresário, com desentendimentos”, segundo a denúncia apresentada.

Motivação fútil

A investigação destacou que, no dia 17 de junho de 2012, em meio aos comentários que a vítima fazia no programa Mais Esporte, ao falar a respeito de possível desligamento de Maurício Sampaio da diretoria do time de futebol, ela teria dito que “nos filmes, quando o barco está afundando, os ratos são os primeiros a pular fora”. Em represália, narrou a denúncia, a diretoria do Atlético Clube Goianiense proibiu a entrada das equipes jornalísticas nas dependências do clube.

Sentindo-se ofendido na sua honra, ressaltou o relato dos promotores, Maurício Sampaio passou a almejar a morte da vítima com o auxílio de comparsas, responsáveis pelo planejamento e execução do crime. Marcus Vinícius Pereira Xavier emprestou moto, capacete e camiseta para Ademá Figuerêdo, além de guardar no açougue de sua propriedade a arma e o celular que seriam utilizados no homicídio. Os chips dos telefones utilizados na comunicação foram habilitados em nomes de terceiros.

Conforme demonstrado na denúncia, no dia do crime, Ademá Figuerêdo foi até o açougue de Marcus Xavier, pegou a moto, o capacete, a camiseta, o telefone e a arma e se dirigiu até as imediações da emissora de rádio. No local, comunicou-se com Urbano Malta, que estava na espreita, aguardando o momento em que Valério Luiz de Oliveira sairia. A vítima foi morta quando já estava dentro do veículo, ao final de uma jornada de trabalho.

Foram condenados Ademá Figueredo, Marcus Vinícius Xavier, Urbano Malta e Maurício Sampaio. Este, considerado o mandante do crime, foi sentenciado a 16 anos de prisão – em regime fechado, como os demais. Ademá também pegou 16 anos; Marcus e Urbano, 14. Já Djalma da Silva foi absolvido.

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