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Entre 2020 e 2021, o desmatamento do Cerrado em Goiás aumentou cerca de 34%. Esse número foi divulgado pelo Prodes Cerrado, sistema de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) com colaboração do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig) da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Considerando os últimos quatro anos, o cerrado goiano diminuiu 1.164,9 km² ao ano. Pra se ter uma ideia, essa é uma área do tamanho de uma Goiânia e meia. Nos últimos 21 anos, o cerrado perdeu 5 milhões de hectares só em Goiás, uma área correspondente a sete Goiânias.

Para a coordenadora do Lapig e professora da UFG, Elaine Silva, diversos fatores explicam esse desmatamento. “Vários fatores levam ao aumento do desmatamento, como incentivo feita pela esfera governamental e a demanda internacional pelas commodities”, avaliou. Mas ela lembra ainda que “próximo ao período eleitoral é comum isso acontecer”.

Em nota, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) culpou a valorização do preço das commodities em detrimento do valor da floresta preservada, as subnotificações dos casos de desmatamento, o travamento da máquina estatal que não concedeu licenças e o enfraquecimento das políticas ambientais adotadas pelo Governo Federal pelo número preocupante de área perdida do cerrado.

Mas ações pra inibir esse tipo de ação têm sido tomadas pelo governo estadual. Há um ano foi editada a Lei estadual 21.231/22, que impõe severas consequências econômicas para quem efetua desmatamento irregular. Agora, além de ser multado, quem desmata passa também a dever compensações florestais e compensações por danos. Além disso, de acordo com a Semad, entre 2019 e 2022, foram aplicados mais de 3,6 mil autos de infração e mais de 2 mil termos de embargo pelas equipes de fiscalização.

Atualmente a Semad faz um monitoramento diário com o uso de imagens de satélite e alertas de desmatamento. “Isso permitiu a implementação de autos de infração e embargos remotos, onde todo o procedimento administrativo é realizado de escritório com o envio das multas pelos correios”, diz a nota.

Mas, para a coordenadora do Lapig, para barrar o desmatamento é preciso haver um consumo consciente e sustentável. “As principais ações devem vir de quem compra. E deve haver também um maior incentivo à preservação legal porque o dono da terra que tem área preservada precisa ter sua renda garantida”, detalhou.