Cobrado sobre episódio com PRF, Bolsonaro fala em justiça ‘sem exageros’

30 maio 2022 às 19h42

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Presidente defendeu corporação e fez contraponto relembrando caso dos dois agentes que foram mortos por andarilho
Indagado sobre o episódio envolvendo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu a instituição nesta segunda-feira, 30, e disse querer justiça ‘sem exageros’. A morte de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, sufocado com gás no porta-malas da viatura de agentes, repercutiu nas redes sociais e na imprensa nacional e internacional. O caso ocorreu em Umbaúba, no litoral Sul de Sergipe, após abordagens de policiais rodoviários federais.
No contraponto, Bolsonaro relembrou os assassinatos de outros dois PRFs no Ceará. “Vai ser seguida a lei, a gente lamenta o ocorrido nos dois fatos, nos dois episódios, lamenta muito o ocorrido, e vamos, de acordo com o órgão competente, no caso, você cita o órgão, mas é Ministério Público, é a Polícia Federal que já teria afastado, não podemos generalizar tudo que acontece em nosso Brasil”, opiniou.
O presidente emendou que: “A PRF faz um trabalho excepcional para todos nós, nos momentos difíceis, na pista geralmente, geralmente não, são os primeiros a chegarem para prestar o socorro. Vamos respeitar, todo mundo, a dor desse momento, que o povo de Pernambuco, de Recife, sofrem, e volta tudo à normalidade rapidamente, a Justiça vai investir nesse caso”.
Declarações do chefe do Executivo federal foram feitas durante uma entrevista concedida em Pernambuco, após sobrevoo dele pelas áreas afetadas pelas chuvas, que caem na região desde a última sexta-feira, 27, e domingo, 29. O estado já contabiliza 79 pessoas mortas e 3.957 desabrigados.
Também nesta segunda, o Ministério Público Federal (MPF) em Goiás expediu recomendação para que a PRF revogue, imediatamente, a portaria DG/PRF nº 456/ 2022 que extinguiu as Comissões de Direitos Humanos no âmbito da instituição. O órgão exige que seja restabelecido o ensino de Direitos Humanos como disciplina autônoma nos cursos de formação e reciclagem de policiais rodoviários federais. Especialistas apontam que isso pode ser um dos motivos para o aumento da truculência policial na instituição.
Para os procuradores da República Mariane Guimarães de Mello Oliveira e Marcello Santiago Wolff, que assinam a recomendação, tais fatos demonstram a necessidade de se investir em treinamentos constantes em direitos humanos, garantidos pela Carta Magna, na força policial brasileira. “Entendemos que a presença da disciplina de Direitos Humanos como disciplina autônoma a ser ministrada nos cursos de formação e reciclagem da PRF é necessária para incutir nos policiais rodoviários federais as competências mínimas para o exercício qualificado de relevante função social voltada à defesa e à promoção de direitos no estado democrático de Direito”, afirma Mariane.