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Crianças bem alfabetizadas até o 2º ano do ensino fundamental têm 2,6 mais chances de atingirem um nível avançado de aprendizagem no 5º ano do ensino fundamental. Os dados são de uma pesquisa inédita no Brasil, realizada por pesquisadores do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social (Lepes) da Universidade de São Paulo e da Universidade Federal do Ceará, com apoio da Fundação Lemann e do Instituto Natura.

Isto é, a probabilidade de um aluno alcançar o nível avançado de proficiência em Língua Portuguesa no 5º ano é de 55% se ele foi alfabetizado no tempo adequado e de apenas 21% se não foi. Em Matemática, essa diferença é, respectivamente, de 40% para o primeiro grupo de estudantes e 15% para o segundo.

O trabalho foi desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social (Lepes) da Universidade de São Paulo e da Universidade Federal do Ceará, com apoio da Fundação Lemann e do Instituto Natura. Ele conseguiu analisar o desempenho dos mesmos alunos quando estavam no 2º ano e depois no 5º ano do fundamental. A base de dados utilizada é a da rede pública do Ceará, e os resultados foram projetados para nível nacional usando o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).

Dados do Saeb apontam que, em 2019, 55% dos estudantes brasileiros de 2º ano atingiram o nível apontado pela pesquisa como adequado. Dois anos depois, esse percentual caiu para 35%. O patamar foi definido pelo Ministério da Educação, em maio, após consulta pública com diferentes especialistas.

Alguns municípios, inclusive, estão trabalhando ativamente para recuperar a aprendizagem de crianças que não conseguiram alcançar o nível adequado. Cidades como Cariacica (ES), São Vicente (SP), Presidente Figueiredo (AM) e Moju (PA) adotaram uma gama de mecanismos, como a enturmação de alunos por nível de conhecimento (e não por idade); a priorização curricular de habilidades basilares; e até trabalhos de recuperação de aprendizagem com alta intensidade de aulas em período curto de tempo.

Importância da primeira infância

A primeira infância é a fase entre os 0 a 6 anos de idade, em que o cérebro humano se desenvolve mais rapidamente. É um período de aprendizado intenso, em que as crianças absorvem informações do ambiente ao seu redor e constroem a base para sua saúde física, cognitiva, emocional e social futura. 

Durante a primeira infância, o cérebro cresce mais rápido do que em qualquer outra fase da vida, o que significa que a experiência da criança nessa fase terá um impacto duradouro em sua vida. É um período crítico para o desenvolvimento humano, onde as experiências da criança têm um impacto duradouro no decorrer da vida.

É durante a primeira infância que os fundamentos são construídos para a saúde, aprendizado, comportamento e bem-estar ao longo da vida. Crianças que recebem uma educação de qualidade durante a primeira infância têm melhor desempenho escolar, são mais bem-sucedidas no trabalho e têm melhor saúde física e mental ao longo da vida.

No Brasil, a primeira infância é uma questão crítica. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 40% das crianças brasileiras vivem em situação de pobreza.