Empresário de Anápolis diz ter sido constrangido por irmão de Eerizania e guarda de Goiânia para ceder imagens

19 fevereiro 2025 às 15h12

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O empresário que teria sido abordado por Everson Eneas, irmão da secretária de Políticas para as Mulheres, Assistência Social e Direitos Humanos de Goiânia, Eerizania Freitas, e outros dois homens em seu estabelecimento, em Anápolis, na última segunda-feira, 17, afirma ter sido constrangido pelo trio para ceder imagens de câmeras que poderiam mostrar a secretária circulando na região com um carro oficial da Prefeitura de Goiânia, assim como a identidade da pessoa que filmou a situação.
Segundo a defesa do empresário com exclusividade ao Jornal Opção, um dos homens, um guarda civil metropolitano, chegou a mostrar a credencial da GCM, mas se identificou como Policial Civil “em cumprimento de um mandado” para obter as imagens.
A reportagem entrou em contato com Everson Eneas, que disse que vai se manifestar por meio de seu advogado. O espaço permanece aberto.
Em um vídeo já divulgado pela reportagem, quatro homens aparecem conversando na garagem de veículos do empresário: Everson, de camisa branca e sentado; o GCM Divino César Fraga, que é coordenador do Serviço de Inteligência da corporação em Goiânia; um terceiro homem, ainda não identificado; e o advogado do empresário, Adriano Gouveia Lima, em pé e usando chapéu, e que foi ao local após ser chamado por seu cliente.
Em nota enviada por Lima com exclusividade ao Jornal Opção, ele afirma que seu cliente relatou ter sido constrangido pelos homens para que ele fornecesse “imagens das câmeras de segurança sem a devida ordem judicial e por pessoas que se identificaram como policiais civis”.
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“Ao chegar ao local, constatei que havia um grupo de três indivíduos, sendo que, dois deles se apresentaram, inicialmente, como policiais civis, o que posteriormente se revelou inverídico, conforme apuração de outros veículos de imprensa. Um dos presentes chegou a exibir uma identidade funcional da Guarda Civil Metropolitana de Goiânia, o que causou estranheza diante do contexto da abordagem a qual não seguiu os padrões técnicos, amplamente conhecidos por este advogado”, diz a nota.
A Guarda Civil Metropolitana de Goiânia informou que o servidor mencionado “estava de folga no dia do ocorrido e a instituição não se responsabiliza por atividades fora dos horários de serviço”. O Jornal Opção tenta contato com Divino César Fraga. O espaço também está aberto para manifestação.
O advogado Adriano Gouveia Lima também negou manter qualquer relação de amizade ou convivência com Everson Eneas, e que foi ao local após ser acionado pelo empresário, que é seu cliente. A declaração confronta a versão dada por Everson à reportagem, de que foi chamado ao local pelo advogado e que é seu amigo pessoal. “O Adriano, advogado do estabelecimento, me ligou, e eu fui lá para ver o que estava acontecendo. Foi então que me deparei com os homens”, disse, no início desta semana, ao negar conhecer os outros dois homens.
Apreensão e indício de arma
Ainda conforme o advogado, a presença do trio, segundo ele composto por Everson, o GCM e o outro homem, “gerou apreensão entre os vários funcionários do estabelecimento, no proprietário e neste advogado uma vez que, conforme relatado pelo proprietário e demais presentes, havia indícios de que poderiam estar armados”. “Além disso, verificou-se que os três chegaram e deixaram o local juntos, evidenciando que atuavam em conjunto com unidade de desígnios”
Adriano informou também ter pedido, “no estrito cumprimento do dever profissional e com base nas prerrogativas estabelecidas pelo Estatuto da Advocacia e da OAB”, a identificação dos envolvidos, “visando resguardar os direitos do meu cliente e garantir que eventuais diligências ocorressem dentro dos parâmetros legais e para a segurança de todos. O caso já foi devidamente reportado à Comissão de Prerrogativas da OAB, que está acompanhando os desdobramentos e garantindo o pleno exercício da advocacia sem qualquer tipo de ameaça, coação ou afronta.”
“Reforço que minha atuação se pautou exclusivamente pela observância das normas jurídicas e pela defesa das garantias do meu constituinte, exercendo o papel essencial que a advocacia desempenha na tutela do devido processo legal e na proteção contra eventuais abusos e na defesa constante da legalidade e do Estado Democrático”, finaliza o advogado.
Entenda o caso
Eerizania Freitas, titular da pasta de Políticas para as Mulheres, Assistência Social e Direitos Humanos de Goiânia, foi vista em Anápolis no último sábado, 15, em um carro de propriedade do Fundo Municipal de Assistência Social (FMAS) da capital. Fontes afirma que a secretaria teria ido ao restaurante Coco Bambu, no Jundiaí, o que ela nega.
Em nota enviada à reportagem, a secretária disse “que o uso do veículo oficial foi realizado para sua ida a uma reunião, após sua participação durante toda a manhã na 11º edição do Mutirão, que aconteceu no Bairro Goiá. Esclarece ainda que não esteve no Restaurante mencionado”.
Questionado sobre a situação, o prefeito Sandro Mabel defendeu Eerizania e disse que ela estava no município a pedido seu.
“Já falei desde o começo: eu pedi que ela fosse cumprir uma missão para mim em Anápolis, falar com uma pessoa, e ela foi na saída do mutirão [da Prefeitura, realizado no Bairro Goiá]. Ela devia estar com o carro do mutirão, que é normal, e deve ter ido pra lá. Não vejo nenhum problema. É uma secretária que trabalha muito bem, tem feito bons programas, está atendendo um monte de gente. Então, não vejo nenhum tipo de problema. Agora, se tiver algum problema, aqui temos uma Comissão de Ética, não sou eu quem julgo. Vai pra comissão e resolve por lá”, disse.