Estudo inédito avalia risco de extinção de 2 mil espécies em Goiás

10 julho 2023 às 17h08

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Um estudo inédito está realizando o levantamento de mais de 2 mil espécies da fauna de Goiás. O objetivo é reunir informações das espécies, como a distribuição geográfica, dados populacionais e história de vida, por exemplo, em um sistema batizado de BioData, que será utilizado por pesquisadores na avaliação de risco de extinção das espécies e que poderá também ser acessado pelo público em geral por meio de um módulo público.
A analista ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Franciele Peixoto, que é quem coordena o projeto, explica que já existe uma lista nacional das espécies que podem ser extintas em todo Brasil, produzida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio).
No entanto, a divulgação do ICMBio não é regionalizada. Por isso, o objetivo do projeto é identificar quais e quantas espécies da fauna do Cerrado goiano estão ameaçadas de extinção. “A gente ainda não sabe quantas são aqui em Goiás, por isso a importância desse estudo”, afirmou.
Com o projeto, segundo a analista ambiental, será possível saber se alguma espécie sofre risco localmente, apesar de não estar listada na lista nacional. Isso pode garantir a sobrevivência desses animais com programas de preservação criados especificamente para cada caso.
Fran explica que a onça pintada é um exemplo de espécie que conta na lista nacional de animais ameaçados de extinção. “Com o projeto, vamos saber o quão ela está ameaçada em Goiás. Ela pode estar, por exemplo, numa categoria de mais ameaça ou menos ameaça do que no restante do Brasil”, comentou.
Passo a passo da pesquisa
A primeira etapa do projeto, batizado de GoList, prevista para ser concluída em agosto, é só da compilação de dados. A partir daí, segundo a analista ambiental da Semad, se inicia a avaliação de todo material coletado, onde é aplicado um método científico internacionalmente conhecido que conta com o envolvimento de uma série de especialistas em cada espécie analisada.
Nessa primeira etapa, por exemplo, também poderá ser possível a população de cada espécie em território goiano. “A primeira fase da pesquisa é a busca de ocorrência e dados para compor um sistema de avaliação”, detalhou.
Com base nos dados que estão sendo compilados, especialistas vão se reunir em oficinas, ao longo de 14 meses, para realizar a avaliação de risco de extinção por espécie. Há algumas que provavelmente estarão na lista com risco maior, como o pato-mergulhão, tamanduá-bandeira, boto-do-Araguaia e onça pintada.
A compilação dos dados está sendo feita por 24 bolsistas de graduação e pós-graduação do curso de Zoologia da Universidade Federal de Goiás (UFG), com a coordenação de sete pesquisadores especialistas nos grupos taxonômicos estudados.
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