Fungo resistente a medicamentos se espalha pelo mundo
09 abril 2019 às 19h09

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Ainda não identificado no Brasil, Candida auris ataca pessoas com sistema imunológico enfraquecido

Uma nova infecção, surgida há cerca de dez anos, tem se espalhado pelo mundo – mas ainda não no Brasil, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). Causada por um germe letal, misterioso e recentemente descoberto, o fungo Candida auris, ataca aqueles cujo sistema imunológico está enfraquecido.
Em maio do ano passado, ela chegou nos Estados Unidos, em Nova York, Nova Jersey e Illinois. Nesta época e em NY, no Brooklyn, um homem idoso foi levado ao Hospital Mount Sinai para uma cirurgia abdominal. Rapidamente foi constatado o germe letal e ele foi isolado na unidade de tratamento intensivo.
A presença da doença nos EUA fez com que os CDCs do País incluíssem o germe em uma lista de ameaças urgentes.
Mas nos últimos cinco anos o fungo já passou pela Venezuela, Espanha, Inglaterra, na Índia, Paquistão e África do Sul – estipula-se em torno de 20 países.
Paciente do Brooklyn
O idoso não resistiu. Depois de 90 dias, ele morreu, mas não o fungo, que foi identificado em todo o quarto do paciente, o que obrigou a unidade de saúde a utilizar equipamento especial de limpeza e remover placas do teto e piso.
Segundo o diretor da unidade, tudo no quarto mostrava sinais da doença. O Candida auris, segundo estudos, é resistente aos principais medicamentos antifúngicos, ou seja, está entre as mais intratáveis ameaças do mundo.
Para o professor de epidemiologia fúngica no Imperial College London e coautor de uma revisão científica recente sobre os fungos resistentes a medicamentos, Matthew Fisher, trata-se de um grande problema, pois se confia em medicamentos antifúngicos para tratar pacientes. Sua sensibilidade ao tema se dá por conta de uma explosão de fungos resistentes a medicação e ao fato de que especialistas na área já vinham alertando que o uso exagerado de antibióticos poderiam reduzir a efetividade de remédios.
Situação
Este fungo pode causar infecções na corrente sanguíneas, de ouvido e originárias de machucados. Este germe é identificado por meio de culturas de sangue e outros fluidos e é semelhante, a ponto de ser confundido, com o Candida hamulonii.
Os fatores de risco são: cirurgia recente, diabetes, uso de antibióticos de amplo espectro e de antifúngicos, além de pessoas que ficaram internadas e receberam tubos ou cateteres. Apesar de toda a preocupação e da infecção poder matar, ela é tratável por uma classe de antifúngicos, a echinocandins – ainda assim, algumas se mostraram resistentes às medicações, o que exigiu doses maiores.
(Com informações da Folha de S.Paulo, via New York Times)