Apesar de diversas manchetes que abordam a geração Z de forma negativa, o professor de Cambridge, Thomar Roulet, afirma que essa ideia é falsa. Mesmo que, em geral, as gerações mais velhas enxerguem as mais novas como “acomodadas” e “preguiçosas”.

“Na verdade, toda geração acha que os colegas que vem em seguida são mais preguiçosos do que eles eram. Nas minhas aulas, eu mostro capas velhas de revistas empresariais ao longo das décadas”, compartilha o professor de sociologia organizacional. “Existe uma ideia de que as gerações são motivadas por desejos distintos, mas isso não é real”.

Segundo o professor Thomar Roulet, a ideia de que a geração Z é mais preguiçosa do que as outras deve acabar. Ele diz que todos os seres humanos devem se ajustar aos novos ambientes de trabalho para alcançar verdadeiro potencial.

Para explicar melhor essa questão, ele menciona que há um estudo francês, de 2008, que se propôs a analisar as diferenças geracionais em comparação com um estudo similar de 1972. E o resultado aponta que todos querem mais ou menos as mesmas coisas: um local de trabalho interessante, com bom ambiente e uma vida digna.

Diferenças concretas

O professor Roulet afirma a transição para o trabalho remoto acelerou e potencializou essa “moda”, porque abre espaço para que empregados peçam mais de seus empregadores. O que leva, por sua vez, a certas desigualdades entre os funcionários, e ainda mais cobranças.

Além disso, ele destaca que o contexto econômico também mudou muito, pois para as gerações anteriores, o trabalho era uma “garantia” de segurança financeira. Antes, estar empregado significava que você poderia pagar as contas no fim do mês, ou até mesmo comprar uma casa. O que não se aplica mais aos dias de hoje, então “se o trabalho não oferece segurança, precisa oferecer alguma outra coisa, como propósito ou flexibilidade”.

Ele explica também que existem diversos estudos que comprovam o que funciona para melhora a motivação dos funcionários. Geralmente, empresas éticas e que provém o sentimento de propósito para seus empregados tem melhores índices de motivação e satisfação com o trabalho.

Sobre a geração Z, ele destaca que estão apenas reagindo ao fato de que o trabalho ocupa cada vez mais espaço, além de não prover a sensação de propósito que eles buscam.

Ele também ressalta que, por outro lado, os empregadores amam a ideia de que as pessoas se tornaram mais preguiçosas, porque possibilita que pareçam altruístas. E culpar a questão geracional os absolve de qualquer responsabilidade pela situação.

A publicação original em inglês, da faculdade de Cambridge, está disponível neste link.

Leia também:

Conheça as histórias dos exilados goianos na Ditadura Militar

Catalão: De “Herança de Sangue” à “Atenas de Goiás”

Conceição Freitas e Nonô Noleto: grandes jornalistas estiveram no Opção