“Teremos que fazer um mutirão de forças para não chegarmos ao numero de óbitos projetados. Não podemos admitir, é imoral, desumano”, reforça Caiado após especialistas apresentarem projeções de casos e óbitos para o Estado

Ronaldo Caiado

Por Felipe Cardoso e Lívia Barbosa

Após reunião com prefeitos e especialistas na área da saúde e epidemiologia, na manhã desta segunda-feira, 29, o governador Ronaldo Caiado pediu mais responsabilidade aos gestores e falou que, se tiver competência junto o Supremo Tribunal Federal (STF), decretará modelo 14×14 no Estado.

“Se não temos como chegar a 2 mil leitos e chegaríamos só a 600 leitos, considerando que temos acidentados e outros problemas de saúde, diante desse quadro não dá mais para achar que a situação pode ser levada como esta sendo feita. Não dá para esperar chegar o dia 15 de julho sem que os prefeitos saibam que rumo devem dar a seus pacientes. Quem abriu [flexibilizou as atividades via decreto municipal], deve rever essa posição”, disse.

Caiado considerou que, nesse momento, “não existe outra maneira [de enfrentar o vírus sem isolamento e rastreamento dos portadores. Para ele, a melhor utilidade para as verbas federais seria a contratação de exames mais conclusivos para que os sintomáticos e bairros com maior incidência possam ser testados”.

“Teremos que fazer um mutirão de forças para não chegarmos ao numero de óbitos projetados. Não podemos admitir, é imoral, desumano. Não posso aceitar, como governador, que haja omissão das autoridades. Precisamos de uma ação dura, as consequências virão com crise no comercio e crise na indústria mas não pode faltar alimentos e a vida com dignidade e um leito hospitalar no momento que as pessoas precisarem. Cada prefeito e prefeita responderá pelas pessoas no seu município”, acrescentou o democrata.

O governador também se comprometeu a fornecer todo o policiamento necessário ao optarem por adotar o regime 14×14 em seus municípios. “Todos terão meu apoio. Eu sou o único médico governador no país, me baseio na ciência, não vou insurgir do que a UFG está falando, que prefeitos e federações se posicionem neste momento”, acrescentou.

Por sua vez, o secretário de Saúde, Ismael Alexandrino, listou algumas dificuldades enfrentadas para conter o avanço da pandemia em Goiás. “Temos uma alta ocupação de leitos, crescimento exponencial de casos confirmados, dificuldade nacional de aquisição de equipamentos e dificuldade de contratação e retenção de pessoas”.

Segundo Ismael, Goiás tem hoje atualmente 437 leitos de UTI, no início de 2019 eram apenas 269. “Já adianto que não conseguiremos chegar a dois mil leitos de UTI necessários segundo projeções da UFG. Precisaríamos de estrutura, equipamentos, medicamentos e pessoas. Não temos pessoas capacitadas em Goiás e no Brasil para suprir tal demanda em um curto intervalo de tempo”, disse Ismael.

Secretário mostrou ainda que os leitos de Covid-19 da rede estadual está em 77% de lotação, sendo que em muitos municípios 100% dos leitos estão ocupados. Em relação aos leitos gerais, a ocupação é de 86,67%. “Caso seja necessário, esses leitos serão utilizados, mas estão sendo poupados para continuar a atendendo a casos como acidentes , AVC e derrames”, pontuou.
Ismael adiantou ainda que o governo irá divulgar uma nota técnica em que cancela as cirurgias eletivas da rede privada.