Os Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Bauru (SP), do Tocantins e do Maranhão informaram nesta quarta-feira, 22, que haverá uma paralisação por tempo indeterminado a partir desta quinta, 23, véspera da Black Friday. Segundo a categoria, a decisão é “em resposta à persistente recusa da direção dos Correios em resolver 26 questões identificadas antes da assinatura do acordo coletivo.”

Em nota, os Correios afirmaram que já implementaram estratégias para “assegurar a continuidade dos serviços” nesses locais, como por exemplo a contratação de mão de obra terceirizada, a realização de horas extras, o deslocamento de funcionários entre as unidades e o suporte do pessoal administrativo. [Veja nota da empresa na íntegra ao final do texto]

Já o Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de Goiás (Sintect-GO) revelou ao Jornal Opção que não vai aderir à greve. Segundo a entidade, os locais mencionados acima não fazem parte da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), que assinou o acordo coletivo com a classe patronal.

Logo, os goianos não devem ser afetados pela paralisação.

Ao todo, são 36 sindicatos de trabalhadores dos Correios, dos quais 31 compõem a Fentect, incluindo Goiás, e as outras cinco, que são São Paulo, Rio de Janeiro, Bauru, Tocantins e Maranhão, se organizaram de outra forma.

Reivindicações

As entidades que aprovaram a greve afirmaram que buscaram estabelecer um diálogo com os Correios, mas alegam que as negociações foram inadequadas, “negligenciando” as demandas dos trabalhadores.

Os trabalhadores dos locais que paralisarão pedem a inclusão de R$ 250 no salário base, que, segundo eles, vai contra o que foi acordado na mesa de negociação coletiva. Para os sindicatos, a proposta de pagamento desse montante em “steps” não oferece benefícios tangíveis e coloca em risco a estabilidade financeira da categoria.

Além disso, a categoria diz que a tributação sobre a bonificação de R$ 1500 em janeiro representa um sério risco de redução substancial desses valores, agravando os prejuízos para os trabalhadores já sujeitos a descontos abusivos.

Os sindicatos em greve ainda revelaram que optaram por não assinar o acordo coletivo, no último dia 27 de setembro, por conta de “graves erros na redação do acordo coletivo de trabalho”. A categoria também exige a realização de concurso público, melhorias nos planos de saúde e condições laborais dignas, considerando a falta de concursos e um efetivo defasado há mais de uma década.

Por fim, as entidades alegam que a greve não se limita à correção de inconsistências no acordo coletivo, mas busca reivindicar direitos e dignidade para os trabalhadores.

Nota dos Correios na íntegra:

“Os Correios estão operando normalmente em todo o País, com 100% dos empregados presentes, todas as agências abertas e todos os serviços disponíveis. Cinco dos 36 sindicatos dos Correios estão realizando assembleias, nos próximos dias, para decidir se haverá ou não paralisação parcial.

Medidas – A empresa já preparou uma série de medidas para garantir a normalidade dos serviços caso as assembleias desses cinco sindicatos aprovem paralisação parcial e pontual, entre elas: contratação de mão de obra terceirizada, realização de horas extras, deslocamento de empregados entre as unidades e apoio de pessoal administrativo.

Acordo – Pela primeira vez depois de 7 anos, em 2023 os Correios assinaram em mesa de negociação o Acordo Coletivo de Trabalho, que recuperou mais de 40 cláusulas que haviam sido extintas pelo governo anterior.

Benefícios – Os Correios concederam aumento linear de R$ 250 para a maior parte do efetivo, ou seja, um aumento médio de 6,36% para mais de 71 mil empregados (83%), a partir de janeiro de 2024. Para parte dos empregados, o aumento chega a 12%.

Além disso, na segunda-feira (21), os Correios lançaram um programa de bolsa de estudos para que empregados de nível médio, como carteiros, atendentes e operadores de triagem e transbordo cursem a graduação de sua escolha. Já são mais de 1.140 inscritos.

Veja parte dos outros benefícios do acordo:

  • Aumento imediato nos benefícios de 3,53% – 100% do INPC, retroativo a agosto;
  • Abonos de R$ 1 mil em dinheiro em 2023 e de R$ 1.500 em janeiro de 2024;
  • Reembolso creche/babá de R$ 686,50;
  • Licença paternidade de 20 dias;
  • 50% de antecipação do 13º salário;
  • Gratificação de quebra de caixa de R$ 256,22;
  • Adiantamento de férias com desconto em 5 vezes;
  • Remuneração e ticket mantidos por 90 dias para considerados inaptos pelo INSS;
  • Ticket mantido até o retorno, em caso de acidente de trabalho;
  • Abono-acompanhante de 6 dias;
  • Adicional AADC para gestantes mantido a partir do 5º mês de gestação;
  • Licença remunerada de 10 dias em caso de violência doméstica;
    •Afastamento especial em caso de nascimento de bebê prematuro (para homens e mulheres);
  • Horário especial de amamentação ampliado de 12 para 18 meses.
  • Retorno da cláusula que prevê que os Correios arcarão provisoriamente com as multas de trânsito, relativas aos veículos da empresa, quando aplicadas nos percursos de coleta e entrega (cobrança só se não houver recurso por parte dele ou se for julgado improcedente);
  • Licença maternidade de 6 meses;
  • Auxilio-especial de até R$ 2.868,45;
  • Abono saúde de 10 dias.”

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