Justiça nega pedido de habeas corpus para Cacai Toledo, que segue foragido

11 janeiro 2024 às 16h14

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O Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) negou hoje, 11, um pedido de habeas corpus para o empresário Cacai Toledo, suspeito de ser o mandante assassinato do empresário Fábio Alves Escobar Cavalcante.
A decisão cita “risco à instrução criminal levantado pela autoridade que expediu o decreto preventivo”, além do risco de fuga para negar o pedido. “Testemunhas indiretas do fato
criminoso foram vítimas, supostamente, de outro delito para encobrir a autoridade delitiva do primeiro homicídio”, escreve.
Acordão
No acordão, o desembargador Fernando de Mello Xavier cita riscos concretos de fuga para a manutenção da prisão cautelar. Ele cita ainda que os motivos da prisão preventiva foram levados em conta para determinar a contemporaneidade do pedido e não “o momento da prática supostamente criminosa em si”.
“Os elementos coligidos aos autos são suficientes para os indícios da materialidade e autoria, porquanto as conversas mantidas pelo paciente indicam sua insatisfação quanto às críticas da vítima veiculadas na internet, envolvendo especialmente agentes de segurança pública, inclusive com consulta de informações nos portais/sistemas internos da corporação, enviados para o paciente”, escreve.
Carlos César Savastano de Toledo continua foragido da Justiça. Outros cinco PMs também foram denunciados por seis mortes em suposta tentativa de encobrir o caso.
A denúncia do MPGO também mostrou movimentações bancárias incompatíveis com os rendimentos deles. Dois dos suspeitos chegaram a girar cerca de R$ 6 milhões num período de quatro anos.
Ao Jornal Opção a defesa do investigado disse que deve entrar com novo pedido de habeas corpus.
Investigação
Após o homicídio de Fábio Escobar em 23 de junho de 2021, uma série de mortes se sucedeu: Bruna Vitória Rabelo Tavares em 23 de agosto de 2021; Gabriel dos Santos Vital, Gustavo Lage Santana e Mikael Garcia de Faria horas depois do falecimento de Bruna; e Bruno Chendes, Daniel Douglas de Oliveira Alves e Edivaldo Alves da Luis Junio em 19 de janeiro de 2022.
O celular usado para atrair Escobar ao local do assassinato era de Bruna, uma traficante identificada e namorada de outro traficante. O aparelho foi roubado por policiais militares, conforme Bruna mesma relatou na época. Dois dias antes da morte de Escobar, um chip foi ativado no celular anteriormente pertencente a Bruna, em nome do empresário.
Esse evento foi crucial para a identificação dos policiais militares envolvidos nas mortes. Welton da Silva Vieiga é apontado como executor, graças ao monitoramento das torres de telefonia durante a ativação do chip. O inquérito destaca que o telefone permaneceu conectado a seis torres de telefonia, sendo quatro delas cobrindo a residência de Vieiga e duas localizadas exatamente no local onde Fábio Escobar foi morto.
À época, ele tomou um táxi para se encontrar com um homem chamado “Fernando” que havia entrado em contato com ele supostamente interessado em vender uma lavanderia, ramo no qual o empresário já atuava. Foi durante esse encontro que ele foi assassinado. Segundo o MPGO, os criminosos estavam em um carro e usavam máscaras tipo “balaclava”.
Segundo a denúncia, Cacai foi acusado de acertar a morte com o PM Vieiga, mas não há detalhamento sobre o contato e as ligações entre eles. Os promotores afirmam que, continuando a busca por um executor para o crime, Carlos Toledo chegou ao já falecido policial militar Welton Vieiga, dedicado à prática de extermínio. Este último teria aceitado a empreitada criminosa e atraiu os denunciados (Glauko, Thiago e Érick) para auxiliá-los na consecução do crime.
Glauko é acusado de roubar um celular de um casal de traficantes e repassá-lo a Thiago. Este, por sua vez, entregou o aparelho a Érick, que teria cadastrado um chip. Esse chip foi utilizado para atrair Escobar até o local onde foi morto, no Setor Sul Jamil Miguel, em Anápolis.
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