Mãe espera 12h no HMI para levar filha que teve alta, mas não tem problema resolvido
03 abril 2019 às 20h49

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No Cais de Campinas, demora ainda é principal reclamação

Vanessa Souza Couto tem uma filha de 3 anos, que tem um problema muito grave, segundo ela: o intestino da pequena sai pelo reto. Mas pela segunda vez foram ao Hospital Materno-Infantil (HMI) e receberam alta sem a resolução do problema, segundo a mãe. No momento da entrevista eram 20h. Elas aguardavam desde as 8h da manhã uma ambulância para retornar à Formosa, onde vivem. Já no Cais de Campinas, a demora ainda é a principal queixa.
Segundo Vanessa, ela e a filha procuraram o local, na primeira vez, encaminhadas pelo atendimento local, em fevereiro. Na época, foi informada à mãe da pequena de 3 anos que deveria ser feita uma cirurgia. Após o encaminhamento, ela esteve no HMI, mas voltou sem resolver a situação.
Na terça-feira, 2, a menina retornou e foi internada. Porém, nesta quarta-feira, 3, recebeu alta, com a informação de que ela, a mãe, deveria “empurrar” o intestino da filha.
“Disseram que não podem fazer nada. Quando sair é para eu colocar para dentro”, explicou em tom choroso, enquanto a menina andava ao redor, impaciente. A comunicação do HMI informou que checaria o caso e emitiria a nota até a manhã de quinta-feira, 4, quando essa matéria poderá ser atualizada.
No mais…
Além do caso de Vanessa, o atendimento do HMI seguia normalmente. Gustavo Henrique acompanhava a esposa, grávida de 36 semanas. Eles chegaram às 16h e em 40 minutos foram atendidos.
Segundo ele, a mulher, que apresentava estado de risco, está internada e atenção dos profissionais foi boa. “Foi rápido, graças a Deus”, celebrou.
Quem compartilha da opinião de Gustavo é dona Neiva Souza Silveira. Ela trouxe o sobrinho de dois meses, que tem síndrome de down e apresenta quadro de cardiopatia. “Ele está na UTI, foi internado há algumas semanas, de forma rápida, e temos sido bem atendidos”, pontuou.
A comunicação também levanta o número de atendimentos desta quarta.
Cais de Campinas
No Cais de Campinas, a morosidade prossegue, segundo os pacientes. Porém, diferente da última terça-feira, 2, foi colocado o informativo de escala. Às 18h40, quando a equipe do Jornal Opção chegou ao local, ainda estava fixada a escala do período matutino. No entanto, já ocorria a mudança de turno.
Gleide Bento de Araújo trouxe três filhas para consultar. Elas aguardavam há 3h30. “Uma com suspeita de Zica e duas com gripe”, revelou a mãe e ressaltou que uma delas [a febril], a que estava com ficha amarela, já havia sido atendida.
“Aqui é sempre lotado e demora”, disse, mas pontuou que às vezes o atendimento é bom. “Eles tinham pedido para eu voltar amanhã com minha filha, com suspeita de dengue, mas preferi esperar”, disse.
Já Solange Pereira trouxe a filha de 11 anos que está com 40.4° de febre, vomitando e com dor de cabeça. Também com a ficha amarela, ela levou 2h para ser atendida, mas já está há 3h no local, pois aguarda o resultado de exames.
Cores
O sistema de cores indica a gravidade e urgência de atendimento, de acordo com um funcionário que não se identificou. Verde e azul são brandos (inclusive, o primeiro é assintomático) e os pacientes nessa definição podem aguardar até 4h. Já o amarelo e o vermelho são urgentes — que seria o perfil do Cais de Campinas.
Segundo informações internas, das 7h às 18h30, foram feitas 177 fichas (a média diária de atendimento, nas 24h, costuma ser de 170 a 200, então quarta foi um dia de grande procura). Dessas, 13 eram azuis, 20 amarelas e o restante verde.
Também conforme essa fonte, a maioria dos atendimentos não é o perfil da unidade e a média de atendimento para verde ou azul é de 2h. Sobre a escala, na terça-feira ela não foi colocada por conta de adaptações na atenção básica, disse uma das funcionárias.
Sobre o plantão, a informação interna é que nesta noite dois pediatras, que já estavam a caminho, fariam o atendimento.
Mesmo com os dados, solicitamos à assessoria de imprensa responsável pelo Cais que confirmasse sobre os números de atendimento e sobre o tempo de espera em caso de pacientes com ficha amarela. Assim que responderem, o posicionamento será incluído no texto.
[Atualização] Nota do HMI
“A direção do Hospital Estadual Materno-Infantil Dr. Jurandir do Nascimento (HMI), esclarece que a paciente de 3 anos, filha de V.S.C. deu entrada na unidade, na terça-feira, dia 2 de abril, com o quatro de prolapso retal. Ela foi devidamente atendida pelo médico e feito o procedimento indicado para o quadro da paciente. A criança recebeu alta na quarta-feira, dia 3 de abril.
O HMI informa que a paciente foi encaminhada para acompanhamento ambulatorial, uma vez que deverá ser submetida a cirurgia eletiva – procedimento cirúrgico programado-, que é realizada pelo setor ambulatorial e não pelo atendimento de emergência. No caso, a paciente chega ao hospital regulada pela unidade de saúde de seu município.
O hospital informa ainda que foram feitos 75 atendimentos no Pronto Socorro de Pediatria (PSP), no dia 3 de abril (quarta-feira).”