Sem a presença de representantes do Executivo, audiência pública realizada nesta terça-feira (25) tratou sobre a batalha  judicial revelada com exclusividade pelo Jornal Opção

Vereador Paulinho Graus (PDT), deputada delegada Adriana Accorsi e vereador Carlos Soares (ambos do PT), durante explicação do diretor do Jaó, Ubirajara Berocan Leite Filho | Foto: Dennis Muroni
Vereador Paulinho Graus (PDT), deputada delegada Adriana Accorsi e vereador Carlos Soares (ambos do PT), durante explicação do diretor do Jaó, Ubirajara Berocan Leite Filho | Foto: Dennis Muroni

A batalha judicial travada entre o Clube Jaó e o Estado de Goiás por uma área de quase 400 mil m², atualmente sob uso irregular do clube, foi objeto de uma audiência pública realizada na noite desta terça-feira (26/5), na Grande Loja Maçônica de Goiás, no setor Jaó. Com a ausência de representantes do Poder Executivo, a reunião foi marcada pela defesa dos moradores da região quanto à manutenção de posse das áreas pelo Clube Jaó. A disputa, iniciada em abril do último ano, foi revelada com exclusividade pelo Jornal Opção.

Para os residentes do setor, o clube, instalado há mais de 40 anos na região, realiza um trabalho satisfatório tanto em relação à preservação ambiental da área quanto à segurança no local. Estes dois pontos, de acordo com o presidente do Conselho Comunitário de Segurança do Jaó, Alessandro Cruvinel, são os mais sensíveis aos moradores do setor. Por isso, o dirigente defende que, independente do desfecho da disputa, a comunidade irá se mobilizar para manter a região preservada e segura.

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“O clube está aqui desde sempre e existe uma integração muito grande dele com o setor. As pessoas querem a preservação e, se do jeito que está, está preservado e está tendo qualidade, por que não manter?”, argumentou Alessandro Cruvinel.

Quem compartilha do mesmo posicionamento do presidente do Conselho de Segurança do Jaó é o morador Luciano Cristian. Em entrevista, ele contou que se reuniu na última segunda-feira (25) com cerca de 20 representantes comunitários da região para tratar do assunto e que aproximadamente 90% teria concordado com a tese de que a manutenção de posse da área pelo Clube Jaó é a melhor opção para a comunidade.

Durante a audiência pública, o diretor do clube, Ubirajara Berocan Leite Filho, reforçou que há um processo contínuo de preservação da região, que tem garantido a sobrevivência da nascente do Córrego Jaó. À reportagem do Jornal Opção Online, o administrador afirmou que o secretário estadual de Planejamento, Thiago Peixoto, já havia dado sinal positivo para o clube quanto à manutenção das áreas. Outros argumentos apresentados por Berocan dizem respeito à falta de interesse do Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO) pela região e à suposta inexistência de um projeto por parte da Secretaria Estadual de Planejamento (Segplan).

Do outro lado, os procuradores do Estado Rodrigo Ganem e Cleuler Neves apontam diversas irregularidades e até crimes ambientais cometidos pela direção do clube. Os dois também reforçam o fato de que o Estado não renovou a cessão de uso pelo clube, que segue de forma irregular. Os dois procuradores, todavia, não compareceram à audiência pública, mesmo após convite do Instituto Cidadão Consciente Participativo, responsável pela realização do encontro.

Os possíveis planos de construção pelo Estado de um Parque Ecológico na região também foram pauta da reunião desta terça-feira. Para os moradores, a proposta é viável e atenderia aos anseios da comunidade, no entanto, asseveram que não há por parte do governo estadual nenhuma proposta real neste sentido.

Na avaliação de Berocan, a sugestão de criação do parque foi uma estratégia para jogar a população contra o clube. Como argumento, ele lembra que não existem parques nas áreas em que o Estado possui às margens do rio Meia Ponte. “É melhor um parque público? É, mas eles não vão fazer”, asseverou.

Esperança no Legislativo

Área do Estado que é usada pelo Clube Jaó há quase 40 anos
Área do Estado que é usada pelo Clube Jaó há quase 40 anos

Morador vizinho ao Setor Jaó, o líder do prefeito Paulo Garcia (PT) na Câmara, o vereador Carlos Soares (PT), participou da audiência pública realizada na noite desta terça-feira. Na ocasião, o petista informou aos moradores que há o interesse por parte da Casa de Leis em propor uma mudança no Plano Diretor do Município, tornando a região uma área especial de interesse urbanístico.

Com isso, as áreas perderiam o valor imobiliário e não poderiam comportar nenhuma espécie de empreendimento. Segundo Carlos Soares, a proposta teria, inclusive, o aval de vereadores da base do prefeito Paulo Garcia e também da oposição. A mudança, no entanto, não garantiria que a região continuasse sob comando do Clube Jaó, nem impediria invasões humanas na região, um dos maiores receios dos moradores.

O Legislativo estadual também esteve representado durante a audiência pública por meio da deputada Adriana Accorsi (PT). Moradora há mais de 20 anos da região, a parlamentar lembrou que seria necessário, ao menos em um primeiro momento, procurar o secretário Thiago Peixoto para averiguar quais são as reais pretensões do Estado com a reintegração de posse. “Minha intenção é a de me colocar à disposição do que a maioria dos moradores entender como melhor”, explicou.

Já no fim da audiência, e atendendo à proposta da deputada Adriana Accorsi, ficou acertado entre os moradores a criação de uma comissão, que ficará responsável em levar os interesses da comunidade ao Executivo estadual. Após o diálogo, os moradores devem se reunir mais uma vez para novas deliberações.