“Não vejo o governo como derrotado”, avalia deputado goiano sobre articulação com o Congresso Nacional

04 junho 2024 às 19h06

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O governo Lula 3 bateu cabeça no Congresso Nacional nas últimas semanas e amargou derrotas em votações importantes, embora restritas a pautas de costumes. Para contornar as derrotas, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retoma uma estratégia de articulação iniciada ainda no primeiro mandato: participar ativamente das negociações para reforçar o vínculo com os deputados. A avaliação de parlamentares goianos é que as intempéries “são normais da democracia” e que a reaproximação do presidente nas articulações políticas surtirão efeitos positivos.
Para o deputado federal Adriano Avelar (PP), a proximidade de Lula nas articulações junto ao Congresso pode fazer avançar pautas importantes para o equilíbrio fiscal. “Esperamos que o presidente e o ministro Alexandre Padilha tenham um olhar para a Câmara assim como tem para o Senado”, disse ao Jornal Opção. Ao ser questionado sobre as derrotas recentes em votações na Câmara dos Deputados, Avelar diz “não ver o governo como derrotado”. “Sempre vai existir divergência das ideias num País democrático e isso é relevante”, pontua.
Responsável pela articulação do governo junto aos parlamentares, o ministro de Relações Institucionais Alexandre Padilha foi o principal alvo dos deputados, em especial o presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL). O Jornal Opção revelou que aliados de Lira pediram a saída do ministro e cobravam a presença de Lula na articulação por desacordos em relação a emendas parlamentares.
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Base segura
Vice-líder do governo na Câmara, o deputado José Nelto (PP) diz que o governo foi derrotado em pautas que sabia que enfrentaria revés, mas alertou que é preciso uma “base mais segura” para governar. “Há uma certa dependência do Poder Legislativo, então o governo precisa estar sintonizado com a sociedade, não adianta mandar um projeto se não tem esse alinhamento. Não vai ter sucesso”, afirma. Ele disse ainda que o governo precisa estar atento ao plano de governo de frente ampla que elegeu o presidente.
Já o deputado Rubens Otoni (PT), minimiza as derrotas e afirma que a bancada está “sintonizada e reunindo semanalmente para organizar a pautas es ações”. “O governo está agora dialogando com as bancadas de partidos aliados. Minha opinião é que o governo deve priorizar a pauta econômica neste próximo período, com articulações seguras que garantam a aprovação de regulamentação da Reforma Tributária”, diz.
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O argumento de que não houveram derrotas significativas também é reverberado por membros do governo. Um goiano aliado do presidente Lula aponta que “o Congresso Nacional é extremamente conservador, mas se você pegar os pontos que foram aprovados ou rejeitados, eram muito mais pautas ideológicas”.
Reunião semanal
O reforço na articulação também será feito a partir de reuniões semanais com de Alexandre Padilha e representantes da Casa Civil e Fazenda, além de Lula. As reuniões envolverão os líderes e vice-líderes partidários para tratar de temas em tramitação no Legislativo.
A primeira reunião ocorreu nesta segunda-feira, 3. Participaram, além de Padilha, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo; o ministro interino da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Laércio Portela; os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP). Também estavam presentes os secretários- executivos da Casa Civil, Miriam Belchior, e da Fazenda, Dario Durigan.
“O presidente está sempre à disposição de manter um contato. E é muito importante que ele esteja com essa disposição sempre, de manter o contato com os líderes e parlamentares porque nada substitui a presença do presidente da República”, disse Padilha.
Entre os temas analisados pelos deputados na semana passada está a derrubada do veto da presidência à saída temporária de presos do regime semiaberto, a “saidinha” e a manutenção do veto do ex-presidente Jair Bolsonaro que impediu a transformar em crime a disseminação de informação falsa em campanha eleitoral.
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