Uma pesquisa do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) mostrou crescimento no emprego para a juventude – pessoas entre 14 e 24 anos – em Goiás. No primeiro trimestre de 2019, havia 3,9% de jovens ocupados no estado, índice que subiu para 4,2% no mesmo período de 2024.

A participação da juventude no mercado de trabalho em Goiás está acima da média nacional. Enquanto no Brasil esse número está em 50,5%, no estado goiano a taxa é de 56,6%. Em 2019, esse número era 52,7% e 56,2%, respectivamente.

Pandemia

Embora os dados absolutos e percentuais indiquem que o mercado de trabalho já recuperou as vagas perdidas durante a pandemia, essa recuperação não ocorreu de maneira uniforme para todos os segmentos da população, tampouco em todas as regiões do Brasil.

Jovens, negros e mulheres, historicamente mais afetados pelo desemprego e informalidade, continuam enfrentando maiores desafios.

Comparando o primeiro trimestre de 2019 com o mesmo período deste ano, houve um leve aumento no número de jovens empregados, de 13,7 milhões para 14 milhões, na faixa etária de 14 a 24 anos. No entanto, a taxa de participação desses jovens no mercado de trabalho caiu de 52,7% em 2019 para 50,5% em 2024.

Esses dados foram apresentados pelo MTE durante o evento “Empregabilidade Jovem” do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) em São Paulo.

Paula Montagner, subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho, destacou que os jovens são os primeiros a serem dispensados em crises e os últimos a serem recontratados. Além disso, a informalidade é maior entre os jovens, atingindo 45% comparado à taxa geral de 40%.

João Victor Motta, diretor do Departamento de Políticas Públicas para a Juventude, enfatizou a importância de compartilhar dados para criar oportunidades e melhor preparar os jovens para o mercado de trabalho. Com a criação de uma diretoria específica para a empregabilidade juvenil, já se observam alguns resultados positivos.

“Em março, deste ano, o Brasil atingiu a marca histórica de 602 mil jovens empregados por meio da Lei do Jovem Aprendiz. Desses, 56 % são pardos ou negros e 52% são mulheres, ou seja, esse grupo mais vulnerável está tendo a primeira experiência profissional com carteira assinada e sem largar os estudos. Além de garantir que estejam em vagas técnicas”, ressalta João.

Desigualdades por raça e gênero

Os dados também mostram desigualdades significativas: dos 3,2 milhões de jovens desempregados, 51% são mulheres e 65% são negros. Entre os jovens que não estudam, não trabalham e nem procuram emprego, 51% são mulheres e 65% são negros, totalizando 4,6 milhões.

“Os dados apontam que são as meninas, predominantemente as negras, que não estudam e nem trabalham fora.  Mas, em sua maioria, elas estão cuidando dos afazeres da casa, dos filhos, irmãos menores ou de outros parentes”, esclarece Paula Montagner.

A subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho ressalta que é importante retirar essas meninas da invisibilidade para que se construa políticas específicas para inserção delas no mercado de trabalho, para não repetirem a mesma situação de enclausuramento de suas mães e tias.

“Políticas como o programa Pé de Meia são importantes para elevação da escolaridade desses jovens, que estão fora do mercado e não estudam. Assim como o crescimento das ofertas de estágio e de vagas na aprendizagem para trazer conteúdo técnico para esses meninos e meninas”, ressalta.

Paula acrescenta ainda que quem passou pela aprendizagem tem mais facilidade para conseguir uma recolocação no mercado de trabalho.

Para combater essas desigualdades, o MTE relançou o programa ProJovem e o Programa Manuel Querino de Qualificação Social e Profissional, priorizando mulheres, negros e pardos. A meta é qualificar 100 mil pessoas, com cursos já iniciados no ABC Paulista e no Tocantins.

Segundo Paula Montagner, é crucial que os jovens sejam qualificados em áreas com maior potencial de crescimento, como a informática. Atualmente, 12% dos jovens empregados atuam em ocupações técnicas, culturais ou na área de informática e comunicações, onde a informalidade é menor.

A informalidade entre os jovens é um problema persistente, especialmente entre os motoboys, onde 82% estão na informalidade.

“São jovens que trabalham sete dias por semana, sem descanso remunerado e direitos sociais”, enfatiza a subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho. Situação essa que o MTE tem se esforçado para a construção conjunta de uma proposta de lei que garanta direitos trabalhistas para essa juventude. 

Ou os jovens que trabalham em ocupações de reduzida qualificação na agricultura, que vão poder aproveitar das ações para ampliação de contratações formais dos Pactos Setoriais em vários setores produtivos.

Os adolescentes e jovens entre 14 e 24 anos representam 17% da população brasileira, sendo 49% mulheres e 60% negros, com a maior concentração na região Sudeste (39%). Os dados completos podem ser vistos neste link.

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